Impacto da raça e ancestralidade na apresentação e evolução da doença de Crohn no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Poli, Debora Dourado
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5147/tde-01082007-164457/
Resumo: INTRODUÇÃO: A doença de Crohn (DC) é uma doença inflamatória intestinal (DII) crônica de etiologia desconhecida, apesar de fatores genéticos e ambientais estarem envolvidos. Os fatores étnicos relacionados com a DC são muito controversos. Parece haver uma maior incidência em brancos, porém alguns estudos demonstram aumento da prevalência entre negros nos últimos 30 anos e sugerem diferenças na apresentação clínica. O Brasil apresenta uma população miscigenada, com importante imigração européia e africana. Temos dois objetivos principais: 1) caracterizar os pacientes com DC em um centro de referência brasileiro e 2) correlacionar as características fenotípicas dos nossos pacientes com a raça/cor e ancestralidade. MÉTODOS: Foram incluídos 273 pacientes acompanhados no Ambulatório de Intestino do HC-FMUSP com o diagnóstico de DC previamente estabelecido. Dados demográficos, o curso e as características clínicas da doença, manifestações extra-intestinais, uso de medicamentos e escores de gravidade foram registrados a partir dos prontuários e de entrevistas com os pacientes. RESULTADOS: A maioria dos pacientes era do sexo feminino (164 pacientes, 60%). A média da idade dos pacientes foi 40,3 anos + 13,9, sendo que a média da idade de início dos sintomas foi 28,4 anos + 12,7. A raça/cor predominante foi branca (68,8%), seguida por parda (21,5%), preta (7,8%), amarela (1,5%) e indígena (0,4%). História familiar de DII estava presente em 36 pacientes (13,2%). Cento e trinta e três pacientes referiram história de tabagismo (48,7%). Doença fistulizante foi registrada em 45,2% dos pacientes e 67% dos pacientes apresentaram algum tipo de manifestação extra-intestinal. A localização predominante da doença conforme a classificação de Viena foi íleo-colônica em 39,5% dos pacientes. A distribuição de sexo por raça/cor foi semelhante em todas as raças. Não foi encontrada diferença estatisticamente significativa entre as diferentes raças. Analisando apenas brancos e negros (pretos + pardos), verificamos que foi semelhante a distribuição de sexo (60% de sexo feminino entre os brancos e 59% entre os negros; p=0,98), a presença de história familiar de doença inflamatória intestinal (16,2% entre os brancos e 7,6% entre os negros, p=0,08), a presença de doença fistulizante (43,5% dos brancos versus 48,7% dos negros; p=0,49), a presença de manifestações extra-intestinais (67% dos negros versus 66,9% dos brancos; p=1,0) e uso de corticosteróides (65,7% dos negros versus 73,9% dos brancos; p=0,21). Os brancos apresentaram doença restrita ao íleo terminal em 42,4% versus 23,4% nos negros (p=0,009). Não houve diferença na proporção de indivíduos necessitando cirurgia: 46,2% dos negros foram submetidos a cirurgia comparado com 53,2% dos brancos (p=0,34). Ao analisarmos a ancestralidade e não raça/cor declarada, também não encontramos nenhuma associação com idade do início dos sintomas, doença fistulizante, manifestações extra-intestinais, uso de imunossupressores, uso de corticosteróides ou cirurgia prévia. CONCLUSÕES: No Brasil, não encontramos diferenças na apresentação clínica ou gravidade da DC de acordo com raça/cor ou com a ancestralidade.