A voz do Outro na voz do documentário

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Guimarães, Rodrigo Gomes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27161/tde-23072019-114759/
Resumo: O filme documentário foi utilizado, desde seus primórdios, para representar a alteridade, as diferenças de modos de vida, cultura e pensamento. Documentaristas produziram com base em modos de trabalho variados e, dentre eles, sempre houve discussões sobre a (im)possibilidade da representação da alteridade em filmes. Nesta pesquisa, utilizamos o conceito da \"voz do documentário\", de Bill Nichols, para pensar sobre modos de representação da voz de Outros dentro da voz do documentário. Alargamos seu entendimento para analisar tanto modos de produção quanto de recepção em que a representação pelo documentário possa ser concebida e praticada como forma de ação pela melhoria da vida de Outros sujeitos filmados. A leitura do conceito de \"voz\" se deu pelas contribuições do campo da linguagem, da cultura e do cinema enquanto discurso, uma leitura baseada nos legados do pensamento crítico trazidos pelo pós-colonialismo, pós-estruturalismo, estudos culturais, feminismo e pela genealogia proposta por Michel Foucault, como abordagem metodológica. Por ser um trabalho genealógico, esta pesquisa buscou evidenciar discursos dominantes e seus Outros: discursos subalternos sobre o Outro, discursos do Outro como alteridade, discursos que são Outro dos dominantes. Nosso foco na questão da dominância priorizou os discursos produzidos por documentaristas e pensadores do documentário brasileiros, embora não tenha se limitado a eles. Os resultados indicam que há um discurso dominante no Brasil sobre a voz do Outro na voz do documentário, que é o da impossibilidade da representação dessas vozes no que elas trazem de intencionalidades para o mundo vivido. Por outro lado, encontramos pelos discursos dos filmes documentários a subalternidade na prática do documentário como intervenção direta no mundo, realizando a ressonância da voz de Outros. Indicamos que tem ocorrido uma reversão nesse sentido, pela qual a ética do documentário pode ser repensada por meio de relações entre cineastas, Outros sujeitos filmados e públicos, em que os efeitos dos filmes documentários no mundo são valorizados de maneira diferente do que na ética dominante presente, em quem o Outro é, comumente, apenas personagem de filmes. A pesquisa levanta questões teóricas e práticas para pensar filmes documentários que visem representar a voz do Outro na voz do documentário com vistas a intervir para a melhoria das condições de vida de Outros sujeitos filmados e suas comunidades.