A transição de carreira dos bicampeões mundiais de basquetebol: uma análise com base em narrativas biográficas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Ferreira Júnior, Neilton de Sousa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/39/39133/tde-20022015-093152/
Resumo: Eles protagonizaram o apogeu do basquetebol brasileiro nos anos 50 e 60. Representaram o país vitoriosamente em diversas competições, sendo as conquistas dos títulos mundiais em 1959 e 1963, e as medalhas de bronze olímpicas em 1960 e 1964, os feitos mais emblemáticos. Mas embora desfrutassem de certa notoriedade por estes feitos, não foram isentos das implicações do amadorismo esportivo. A profissionalização da carreira atlética ainda era uma realidade distante para eles, e a dedicação ao esporte, para que pudesse ser legítima, tinha que ser majoritariamente voluntária e gratuita. Essas e outras configurações influenciaram decisivamente a forma como os bicampeões mundiais de basquetebol geriram suas carreiras e passaram pela transição respectivamente. O objetivo desta pesquisa foi trazer elementos para a reflexão e compreensão do fenômeno transição de carreira no esporte, analisando os significados e características deste processo por meio das narrativas biográficas dos bicampeões mundiais Wlamir Marques, Amaury Pasos, Rosa Branca, Antônio Sucar, Carlos Massoni, Luiz Claudio Menon, Jatyr Schall, Waldyr Boccardo, Friedrich Fritz e Vitor Mirshawka. Analisadas a luz do modelo de adaptação humana à transição de Schlossberg e das considerações teóricas sobre a transição de carreira no esporte, as narrativas sugeriram que a saída do papel de atleta, bem como o processo de mudança para outras esferas da vida, foram experiências decisivamente marcadas pelo momento histórico ao qual os bicampeões pertenciam. Nos tempos de amadorismo o apoio financeiro à carreira atlética era escasso, condição que requereu dos atletas a adoção de uma estratégia de gestão de carreira atlética que conjugasse prática esportiva com formação acadêmica e emprego remunerado. Esse trânsito contínuo entre carreira atlética e outros interesses estreitou a relação dos bicampeões com a vida cotidiana de maneira que seus términos e transições de carreira puderam ocorrer sem maiores dificuldades. As situações estruturantes dessa qualidade de transição caracterizam-se pela concorrência de atividades determinando a tomada de decisão pela priorização de interesses; pela possibilidade de mover-se para dentro ou dar continuidade à vida profissional dentro do contexto esportivo como professor, técnico ou gestor; pela possibilidade de realização em outras esferas da vida, e, por fim, pela presença de sistemas de suporte informais (família e amigos). As narrativas biográficas alertaram ainda para a dificuldade enfrentada pelos bicampeões no que se refere à conciliação da carreira atlética com a vida para além do esporte, bem como para a ausência de sistemas de suporte formais (apoio institucional, especializado, previdência social para atletas) para a transição e vida pós-atleta