Bases de dados e modelagem para espécies de sempre-vivas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Renato Ramos da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41132/tde-23012024-202847/
Resumo: A Serra do Espinhaço é a cordilheira brasileira com o potencial de abrigar a maior riqueza de espécies da flora brasileira, conhecimento científico que se inicia principalmente com as viagens de coletas dos naturalistas europeus a partir do início do século XIX, se estendendo com as primeiras gerações de botânicos brasileiros. A partir do levantamento da flora da Serra do Cipó publicado em 1987, o Laboratório de Sistemática da Universidade de São Paulo evidenciou a relevância e importância da região para a conservação. Também foram contemplados nesses estudos aspectos da biogeografia, destacando endemismos, bem como o conhecimento da flora de uso econômico da região, com destaque para as sempre-vivas. A evolução do contexto ambiental do Brasil ao longo desses 36 anos vem se transformando, com a ampliação de políticas públicas para a conservação, com listas de espécies ameaçadas regionais ou nacionais e a criação / implementação de Unidades de Conservação, assim como também se amplia os processos de degradação e ameaça. No Espinhaço, novos componentes com potencial para degradação estão emergindo, assim como outros do passado precisam ser revisados. Como exemplo, emergem aspectos da transformação da paisagem em conjunto com as mudanças climáticas, e por outro lado a real necessidade de se avaliar estratégias de uso de recursos ambientais de forma sustentável, conciliando com a dinâmica de comunidades tradicionais da região. Os estudos desenvolvidos e apresentados nessa tese buscam conciliar uma visão de conservação territorial e conciliar um tema que é extremamente importante para os estudos em Eriocaulaceae, que é o uso de produtos florestais não madeireiros dos campos rupestres como plantas decorativas. A partir de uma síntese regional com o uso de ferramentas de big data para a flora, foram apresentados dois capítulos: um do fogo e o outro sobre a mineração, com a interface da riqueza da flora, utilizando ferramentas de big data. Nesse mesmo recorte territorial, foi atualizada a lista de espécies da flora utilizada no extrativismo, também avançando em aspectos da reavaliação do principal produto das flores secas, a sempre-viva-pé-de-ouro (Comanthera elegans Eriocaulaceae), incluindo projeções de mudanças climáticas. Para Comanthera suberosa, considerada endêmica da Serra do Ambrósio e alvo do extrativismo vegetal, implementou-se avaliação de modelos nulos em contexto de especialistas edáficas, agregando bases de dados tomados no nível ao envelope climático, com remoção de autocorrelação espacial. Para o Espinhaço Mineiro foram encontradas 7.314 espécies de plantas, sendo 1.535 espécies são endêmicas do estado e 1.091 são endêmicas exclusivas essa região, destacando-se Eriocaulaceae. 546 estão na lista oficial da flora brasileira ameaçada, sendo que 80% ainda não foram avaliadas. As queimadas de origem não natural têm maior incidência e recorrência nas áreas altas, dos campos rupestres, onde ocorre a maior riqueza de espécies na região. Dentre as espécies da flora, são encontradas 444 espécies de plantas secas decorativas com origem ou comercializadas a partir de entrepostos na região, com origem também de outros biomas, mas principalmente dos campos rupestres do Espinhaço Mineiro. Tratada com destaque no extrativismo, a sempre-viva-pé-de-ouro apresenta dados de ocorrência ampliados e reunidos, com abrangência das Unidades de Conservação, projetando cenário variável de mudança de adequabilidade de habitats até o final do século XXI. Para C. suberosa, os métodos aperfeiçoados para a modelagem com espécies especialistas edáficas se mostraram bastante satisfatórios no nível da paisagem, permitindo maior acurácia espacial. A partir dos estudos, o que se mostra são novos impactos e a necessidade de se repactuar as estratégias de conservação para região. Nesse novo cenário, a mineração de quartzito emerge com maior potencial de dado a esse e outros componentes da biodiversidade na região. Os resultados permitem delimitar e avaliar o impacto de políticas públicas para o manejo integrado do fogo, assim como a formulação de novas perguntas em um contexto biogeográfico. Por fim, a valorização da cultura e saberes locais, com o manejo sustentável no extrativismo, apresenta-se como potencial de agregar parceiros para a proteção da biodiversidade das serras mineiras.