Os fios de Ariadne: um estudo sobre retratos e valores linguísticos no contexto do refúgio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Kuhlmann, Mariana Corallo Mello de Azevedo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-20022019-143746/
Resumo: A epígrafe escolhida para inaugurar a presente dissertação de mestrado ilustra a experiência de ultrapassar barreiras socioculturais e transpor fronteiras no contexto do refúgio. O sujeito que se encontra refugiado é importante enfatizar que o refúgio é uma condição e não um estado inerente ao sujeito é desafiado a transpor obstáculos que não se limitam apenas a cruzar fronteiras e enfrentar o complexo aparato burocrático que antecede a outorga da solicitação de refúgio. Apenas para citar algumas, as barreiras são linguísticas, culturais, sociais e religiosas. Na busca pela efetiva integração, se faz necessário tornar essas barreiras, terra plana. O título do estudo que se apresenta é inspirado no mito de Ariadne: Teseu, por quem ela era apaixonada, é encarregado de executar o Minotauro, um terrível monstro que habitava um labirinto. Receosa de que Teseu nunca mais retornasse Ariadne lhe presenteia com um fio e com a recomendação de que ele desenrole o carretel enquanto estiver circulando pelo labirinto. Desse modo, Teseu poderia circular pelo labirinto sem se perder. Supomos que a labiríntica experiência do refúgio e da assimilação cultural deixa o sujeito em uma situação de humilhação social. Tal situação pode forçá-lo a se desfazer de sua língua materna, seus fios de Ariadne. Isso não necessariamente ocorrerá, uma vez que a língua materna consiste em uma orientação fundamental do sujeito. Assim, o refúgio desencadeia um processo psicossocial que abala as atitudes linguísticas do sujeito, sendo estas compostas, segundo Lambert e Lambert (1968) por: crenças (componente cognoscitivo), valoração (componente afetivo) e conduta (componente conativo). Para averiguar o impacto causado pela experiência do refúgio nos valores atribuídos às línguas que compõem a realidade linguística do sujeito empregaremos o Princípio da Valoração proposto por Damásio (2011) como principal fundamento teórico. Nossa conduta metodológica empregará os Retratos Linguísticos de Krumm (2003; 2010), um dos chamados métodos visuais empregados recentemente nos estudos linguísticos, para enfocar as relações psicoafetivas que o sujeito, na condição de refugiado, estabelece com a sua língua materna e com a língua estrangeira. Consideramos que tanto a discussão quanto a análise propostas consistem em um estudo experimental que se buscará investigar em que medida é possível conciliar métodos visuais e questões linguísticas com vistas a atingir uma maior compreensão sobre a configuração da condição de sujeitos multilíngues que se encontram socialmente vulneráveis.