A percepção do corpo de mulheres com diabetes mellitus e obesidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Oliveira, Valmir Aparecido de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-04082010-134648/
Resumo: Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa que teve o objetivo de compreender como as mulheres com diabetes mellitus (DM) tipo 2 e obesidade vivenciam o seu corpo, realizado no Centro de Pesquisa e Extensão Universitária do interior paulista, em 2009. O referencial teórico utilizado foi a Fenomenologia da Percepção de Maurice Merleau-Ponty. Para coleta de dados foi utilizada a questão norteadora: Como a senhora se sente com o seu corpo? Foram entrevistadas oito mulheres com diabetes mellitus tipo 2 e obesidade (IMC 30) com idade de 40 a 76 anos. A coleta de dados foi realizada no referido Centro, às terças-feiras, das 14 às 17 horas, em ambiente preservado, pelo próprio pesquisador, com entrevistas gravadas. Os dados foram submetidos à técnica de análise de conteúdo, o que possibilitou a elaboração de sete categorias temáticas: A falta de vivência do corpo atual; O corpo com intencionalidade e significação; A dualidade da obesidade da proteção a tragédia; A negação e a fragmentação da obesidade no corpo atual/habitual; A obesidade velada percepção do objeto como razão de todas as experiências; O DM como algo que destrói e desfigura o corpo e O DM incorporado no seu corpo e na sua vida. Os resultados mostraram que nas falas das participantes há falta de percepção em relação às mudanças e de responsabilidade para com o seu corpo. As falas também mostraram que as participantes atribuem ao corpo intencionalidades e significados, percebendo-o como algo vergonhoso, desconfortável, limitador, pesado, fatigado, ruim, desproporcional, preocupante, um inferno na sua vida e em outros, como meio de expressão, afeto, defesa, companheirismo, parte de si, aceitação e conformismo. As participantes expressam a percepção da obesidade no corpo por sentimentos de proteção, ganho, benefício e fazendo parte da personalidade e por outro lado como um veneno, tragédia, peso, incomodo, cansaço, obstáculo, desvantagem, tristeza, insatisfação e promotora de diferenças entre os seres humanos. Nas falas emergiram dificuldades de perceber o corpo atual. A obesidade é atribuída a fatores externos e o DM é percebido como algo amedrontador, ruim, limitador, destruidor, relacionado à luta e a morte. Por outro lado, algumas participantes expressaram percepção de responsabilidade e consciência para com a doença. Nessa direção a equipe multiprofissional de saúde pode (re)significar as atitudes que intensifiquem a valorização dos significados e dos sentimentos, pertencentes às mulheres com DM tipo 2 e obesidade. Ao valorizar os significados e os sentimentos, a equipe multiprofissional de saúde pode incitar os processos psíquicos internos aproximando-as do autocuidado, da autonomia e da responsabilidade para como seu corpo e possibilitando a apropriação das participantes do corpo fenomenal. Dessa forma, espera-se com esse estudo fornecer subsídios para a reflexão dos profissionais de saúde na atenção em saúde às mulheres com DM tipo 2 e obesidade, bem como, para o olhar mais acurado acerca das necessidades não reveladas pelas participantes, mas expressadas pelo seu corpo para pensar um novo fazer em saúde, ou seja, a educação em DM.