Eventos precoces da vida, padrões alimentares e sua relação com o perfil cardiometabólico de jovens

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Oliveira, Ilana Eshriqui
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-01022021-184854/
Resumo: Introdução: O índice de massa corporal (IMC) materno pré-gestacional e o aleitamento materno (AM) parecem influenciar o perfil cardiometabólico da prole no curso da vida, interferindo na composição da microbiota intestinal e formação de hábitos alimentares. Objetivos: Examinar associações do IMC materno pré-gestacional e AM, assim como de padrões alimentares (PA) atuais com o perfil cardiometabólico da prole no longo prazo. Objetivos específicos, descritos nos artigos desta tese, foram: I) avaliar associação entre o IMC materno pré-gestacional e a composição corporal da prole feminina na vida adulta; II) identificar PA de mulheres jovens e analisar se são influenciados pela duração do AM; III) avaliar a associação do AM e dos PA atuais com marcadores do metabolismo glico-lipídico; IV) verificar se o tipo de AM durante os primeiros 6 meses de vida está associado com a diversidade e composição da microbiota oral de adolescentes. Métodos: Os objetivos I, II e III foram analisados com dados da linha de base do Nutritionists\' Health Study, no qual graduandas de nutrição e nutricionistas <= 45 anos foram elegíveis. Aquelas com câncer, diabetes, ou sem informação para variáveis de interesse foram excluídas, restando 587 participantes. IMC materno pré-gestacional, AM, assim como aspectos atuais sociodemográficos, de estilo de vida e estado de saúde foram obtidos via questionários online. Questionário de frequência alimentar validado foi aplicado e PA foram identificados por análise fatorial por componentes principais. Uma sub-amostra compareceu à clínica para coleta de sangue para avaliação do metabolismo glicídico e lipídico (n=200) e da composição corporal por DXA (n=150). Modelos múltiplos de regressão linear e logística foram construídos considerando conjunto de ajustes mínimos suficientes sugeridos por gráficos acíclicos direcionados. O objetivo IV foi avaliado com dados de 423 adolescentes finlandeses, participantes do Finnish Health in Teens Study Cohort. O tipo de AM (apenas AM vs. AM+formula ou apenas formula) foi obtido retrospectivamente através dos pais. A microbiota da saliva foi analisada por sequenciamento de 16S rRNA. ANCOVA e PERMANOVA foram usadas para comparar a diversidade e modelos lineares generalizados para a abundância entre os grupos. Resultados: Participantes do NutriHS tinham mediana de idade de 22 (IIQ 20;27) anos, IMC de 22,2 (IIQ 20,4; 25,0) kg/m2 e parâmetros metabólicos em média dentro da normalidade. I) O IMC materno pré-gestacional se associou diretamente com adiposidade geral (% gordura corporal e índice de massa gorda) e central (razão gordura androide/ginoide e volume do tecido adiposo visceral) de suas filhas, mas não com a massa magra apendicular e óssea. II) Quatro PA foram identificados (Processado, Prudente, Brasileiro e Lactovegetariano) representando 27% da variância explicada da dieta. Mulheres que receberam AM por <6 meses apresentaram menor chance de apresentar adesão moderada-a-alta ao padrão Prudente em comparação às que receberam AM por >=12 meses. AM não foi associado aos demais PA. III) Mulheres que receberam AM por menos de 6 meses apresentaram maior chance de classificação no maior tercil de insulinemia comparadas às amamentadas por >=6 meses. AM predominante <3 meses foi diretamente associado com a insulinemia e HOMA-IR. Em relação aos PA atuais, o Processado se associou diretamente com a concentração de LDL-c, enquanto o Prudente inversamente com LDL-c e razão LDL-c/HDL-c. IV) Média de idade e IMC dos participantes foi 11,7 anos e de 18,0 kg/m2. Não houve diferença de diversidade na microbiota oral segundo o tipo de AM nos primeiros 6 meses de vida. Três OTUs (do inglês, Operational Taxonomic Unit) pertencentes aos gêneros Eubactéria e Veillonella (filo Firmicutes) foram mais abundantes no grupo que recebeu apenas AM comparado com os que receberam fórmula. Conclusão: O estado nutricional materno pré-gestacional e os hábitos alimentares desde o início da vida têm potencial para influenciar o perfil cardiométabólico de longo prazo. As evidências obtidas em participantes ainda jovens e aparentemente saudáveis reforçam a necessidade de prevenção e avaliação precoce de fatores de risco cardiometabólico.