Nêutrons, radiação e arqueologia: estudo de caso multianalítico de cerâmicas da tradição borda incisa na Amazônia Central

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Hazenfratz-Marks, Roberto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/85/85131/tde-02072014-140014/
Resumo: Este trabalho é um estudo arqueométrico interdisciplinar envolvendo material cerâmico arqueológico da Amazônia Central, proveniente de dois sítios de grandes dimensões, Lago Grande e Osvaldo, na região de confluência dos rios Negro e Solimões. Procurou-se testar a hipótese de uma rede de trocas entre os antigos habitantes desses sítios, focando em trocas materiais e/ou tecnológicas. Essa hipótese tem implicações para teorias de ocupação da Amazônia Central pré-colonial que procuram relativizar o papel das dificuldades ambientais da floresta tropical como fator limitante para a emergência da complexidade social na região. A caracterização físico-química de fragmentos cerâmicos e argilas próximas aos sítios foi realizada por meio de: análise por ativação com nêutrons instrumental (INAA) para determinação da composição química elementar; espectroscopia de ressonância paramagnética eletrônica (EPR) para determinação da temperatura de queima; difração de raios X (XRD) para determinação da composição mineralógica; e datação de cerâmicas por luminescência opticamente estimulada (OSL). Estudos mostraram que a área dos sítios foi ocupada por culturas produtoras das fases cerâmicas Manacapuru e Paredão, da Tradição Borda Incisa, em torno dos séculos V-X d.C. e VII-XII d.C., respectivamente. Os resultados de INAA foram analisados por métodos estatísticos multivariados, que possibilitaram definir dois grupos químicos de cerâmicas para cada sítio, para os quais não se observaram variações significativas na temperatura de queima e composição mineralógica. A partir do cruzamento com dados arqueológicos, a superposição entre pares de grupos foi interpretada como correlata da existência de uma rede de trocas pretérita, embora não tenha sido possível definir se ela teria ocorrido apenas entre Lago Grande e Osvaldo. Pelo contrário, sugeriu-se, pela comparação de dois grupos químicos de cerâmicas, que Lago Grande participava de uma rede mais extensa de trocas.