Desenvolvimento infantil e estresse parental materno: repercussões da pandemia da COVID-19

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Gondim, Ellen Cristina
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-12072023-100135/
Resumo: A busca pelo desenvolvimento infantil integral e saudável nos primeiros anos de vida deve ser pautada no alcance das potencialidades da criança, subsidiadas pela oferta de cuidados adequados, afeto e ambientes que sejam seguros e com estímulos apropriados. As práticas parentais positivas são fundamentais para amparar o desenvolvimento afetivo, cognitivo e social das crianças em diferentes dimensões. O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança e das práticas parentais merece destaque quando aventada a hipótese de impactos e prejuízos nas relações intrafamiliares e no desenvolvimento infantil na ocorrência de um fator mediador, como as circunstâncias da pandemia da COVID-19, enfermidade que teve repercussões no cenário mundial e nas dinâmicas familiares. O objetivo do estudo foi analisar o efeito da pandemia da COVID-19 nos níveis de estresse parental materno, em busca de subsídios à promoção do desenvolvimento infantil. Trata-se de estudo de coorte, desenvolvido em cinco etapas (último trimestre da gestação, primeiro mês, entre terceiro e quarto mês e aos 12 meses, por meio de visitas domiciliares, e no período de junho-julho de 2020 na pandemia, por meio de ligações telefônicas), com entrevistas com as mesmas participantes/mães, de áreas de unidades com Estratégia Saúde da Família, de um distrito de saúde de município brasileiro. Nas análises dos dados de 84 participantes, foi estimado o modelo de regressão linear simples por Mínimos Quadrados Ordinários (MQO). Os resultados apontam que participantes entre 26 e 35 anos tendem a apresentar aumento do estresse ou as acima de 36 anos na pandemia, quando comparadas às participantes entre 18 e 25 anos; as com ensino médio ou ensino superior tendem a apresentar aumento do estresse na pandemia em relação às com ensino fundamental; as que possuem companheiro apresentaram diminuição do estresse na pandemia quando comparado ao período anterior; as que apresentam o costume de realizar leituras de estórias infantis para a criança tendem a apresentar diminuição do estresse na pandemia em comparação às que não realizaram; mães com crianças que alcançaram resultados satisfatórios no domínio pessoal/social do ASQ-3-BR apresentaram redução do estresse em comparação às com crianças que não atingiram os escores esperados para a idade. Aos 12 meses da criança, a maioria estava frequentando creche, seguida da opção materna de parar de trabalhar para cuidar da criança; na pandemia, houve mudanças de rotinas e as crianças passaram a ficar em domicílio, e os auxílios de cuidado por parentes ou conhecidos ficaram reduzidos pela necessidade das medidas sanitárias de distanciamento físico. Os resultados sugerem que a pandemia da COVID-19 teve efeito no estresse parental materno, especialmente quando controladas as variáveis de identificação materna, ter companheiro, aspectos econômicos (trabalho), estímulos e preocupações maternas e aspectos do desenvolvimento da criança. Quanto maior o valor do escore de estresse parental materno aos 12 meses da criança, maior o valor do escore de estresse parental materno encontrado no primeiro ano da pandemia da COVID-19, sugerindo, portanto, uma correlação positiva entre as variáveis analisadas. Diante da relevância e das implicações ao desenvolvimento das crianças, a pandemia da COVID-19 trouxe impasses e intensificou os desafios para as práticas parentais.