Revelar o cenário, emprestar a paisagem: o trabalho in situ de Daniel Buren e o sistema da arte (1967-1987)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Jesus, Tiago Machado de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-12022014-110035/
Resumo: Esta tese analisa o desenvolvimento do trabalho do artista plástico francês Daniel Buren, nascido no ano de 1938 em Boulogne-Billancourt, nos arredores de Paris. Trata-se de um autor ligado aos desdobramentos das pesquisas neovanguardistas na França, conhecido como um dos fundadores da crítica institucional, no contexto da chamada arte conceitual. Suas instalações se caracterizam por estabelecer uma análise sistemática entre a obra de arte e seu local de exposição através daquilo que chamou de trabalho in situ. Atualmente, esta locução é frequentemente utilizada no campo da arte contemporânea para designar trabalhos realizados no próprio local de exposição. Dentre as múltiplas possibilidades de analisar a vasta obra de Daniel Buren, buscamos explorar exatamente o desenvolvimento deste aspecto central de seu trabalho, a noção de trabalho in situ e sua aplicação dentro e fora dos museus e galerias. Esta escolha visa dois objetivos: em primeiro lugar apresentar o funcionamento destes trabalhos ao longo do período analisado. Estes, apesar de surgirem de uma proposta simples, são capazes de movimentar, a cada vez, diversos elementos materiais e simbólicos que compõem o espaço investido. Em segundo lugar, trata-se de avaliar a força crítica do trabalho in situ nestas duas décadas e sua possível ressonância para a arte contemporânea, uma vez que o trabalho in situ tem por característica principal evidenciar o espaço no qual se insere como local de exposição e de produção cultural a ser problematizado. Para o desenvolvimento deste estudo consideramos que o sistema da arte analisado e criticado por Buren, e no interior do qual ele forçosamente desenvolve o seu trabalho, sofreu modificações profundas no período a que se refere esta pesquisa, acompanhado de mudanças igualmente significativas no modo como a cultura se reproduz no capitalismo tardio. Este efeito se consolida em diversas propostas curatoriais e museográficas que abandonam o território seguro da história da arte em direção a propostas autorais ou temáticas. Observa-se também a reformulação e criação de novos espaços expositivos, trabalhados pelos artistas e curadores, que buscam dar conta das questões ligadas à desmaterialização da obra de arte e de sua circulação no campo cultural expandido. Em adição a isso, o próprio espaço urbano se torna um local a ser investido pelas obras in situ, suscitando questões concernentes à relação entre a arte, o artista e o espaço público da cidade.