Quimioestratigrafia isotópica (C, O, Sr) de carbonatos neoproterozoicos da Bacia dos Parecis, Cráton Amazônico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Lamoso, Ingrid Souto Maia
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44141/tde-11042023-085134/
Resumo: A Bacia dos Parecis é uma bacia intracratônica que cobre uma área de aproximadamente 350.000 km² na porção sul-sudeste do Cráton Amazônico. A deposição desta bacia se iniciou durante um evento extensional após a quebra do supercontinente Rodinia (~1,0 0,75 Ga), de forma que suas unidades estratigráficas depositadas no Neoproterozoico compreendem rochas siliciclásticas e carbonáticas que potencialmente registram intensas mudanças paleoambientais, como as relacionadas às glaciações Sturtiana (~717-660 Ma), Marinoana (~657-635 Ma) e Gaskierana (~580 Ma). No entanto, a Bacia dos Parecis ainda é pouco estudada e carece de dados quimioestratigráficos. Foram selecionadas 240 amostras compostas por fragmentos de testemunhos, amostras laterais e amostras de calha de rochas carbonáticas do poço estratigráfico 2ANP 0006 MT. Neste estudo é apresentada a geoquímica elementar por fluorescência de raios X e os dados isotópicos de C, O e Sr de amostras selecionadas. Os resultados mostram duas excursões negativas de valores de 13C, aqui correlacionadas com os períodos estabelecidos após as glaciações Sturtiana e Marinoana, registradas respectivamente nas unidades carbonáticas Salto Magessi e Mirassol dOeste. Ambas as excursões negativas foram seguidas por incursões positivas dos valores de 13C e, em relação à Formação Mirassol dOeste, a tendência de aumento dos valores estende-se por toda a Formação Guia sobrejacente. Na base da seção, o carbonato Salto Magessi apresenta razões isotópicas de Sr não radiogênicas ( 87Sr/86Sr de 0,70655 a 0,70776) que sugerem a ocorrência de deposição carbonática interglacial criogeniana (pós-glaciação Sturtiana) no Cráton Amazônico. Em direção ao topo da seção, observa-se a Formação Mirassol dOeste, na qual a excursão negativa dos valores de 13C está associada a razões 87Sr/86Sr radiogênicas (até ~ 0,7186), possivelmente relacionadas à entrada de grande quantidade de influxo continental proveniente da intensa erosão gerada pela deglaciação Marinoana. A Formação Nobres, sobreposta à Formação Guia, exibe minerais primários de sulfato (gipsita e anidrita) e composições isotopicamente pesadas de oxigênio que apontam para um ambiente evaporítico e suportam a interpretação de um cenário de intemperismo oxidativo acentuado durante o início e o meio do Ediacarano. Finalmente, ocorrem diamictitos relacionados à Formação Serra Azul sobrejacentes à Formação Nobres, os quais estão associados ao evento Gaskierano no Cráton Amazônico e na Faixa Paraguai Norte. Portanto, os resultados obtidos são consistentes com os dados publicados para a Faixa Paraguai Norte e o poço 2ANP 0006 MT provavelmente é um dos poucos registros dos três maiores eventos glaciais do Neoproterozoico, representando uma seção promissora para futuros estudos de reconstruções quimioestratigráficas e paleoambientais associadas às grandes mudanças climáticas durante esta Era.