Um estudo sobre a motricidade e a percepção visual na neurociência através do olhar da filosofia de Merleau-Ponty

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Bandeira, Marcio Leitão
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-10052012-151639/
Resumo: Este é um trabalho de cunho teórico, cujo objetivo foi analisar alguns aspectos da neurociência com a ajuda do pensamento do filósofo Merleau-Ponty. A estrutura do trabalho é apresentada nos seguintes capítulos: (1o) faz uma introdução do pensamento do filósofo no que diz respeito a sua análise da fisiologia clássica e moderna; (2o) apresenta a neurociência, restrita a assuntos discutidos pelo filósofo; (3o) os dois capítulos iniciais circunscrevem o domínio da filosofia e da ciência, e neste capítulo, guiado pelas análises do filósofo, apresenta-se o encontro entre eles. Adiciona-se ao capítulo a apresentação de autores que utilizam em sua metodologia de estudo as proposições do filósofo, terminando com uma análise do modo com que estes autores usam certos conceitos de Merleau-Ponty; (4o) propõe uma análise do fenômeno do membro fantasma por meio dos resultados do capítulo anterior. A fim de objetivar o encontro dos domínios, proposto neste trabalho, foi preciso desenvolver uma matriz composta por vetores que representam os temas centrais do primeiro capítulo de modo a proporcionar uma espécie de linguagem comum aos dois domínios. Os temas centrais compõem-se de uma análise dos pressupostos metodológicos de pesquisa, de uma consideração dos efeitos de lesões corticais no comportamento, de um estudo da relação entre estrutura e função, e de uma discussão sobre a percepção. O primeiro tema, dos pressupostos metodológicos, tem relevância especial neste trabalho, enquanto os demais contemplam em suas análises os resultados obtidos no primeiro. Os dois pressupostos metodológicos considerados nesse estudo denominam-se análise real e análise ideal. De acordo com o filósofo, a fisiologia clássica teria desenvolvido suas pesquisas orientadas por pressupostos atomistas e mecanicistas agrupados no conceito de análise real. A fisiologia moderna teria modelos que se alternariam entre a análise real e a ideal, sendo esta última concebida na fisiologia por certa influência da Psicologia da Gestalt e por princípios que visavam à consideração de um organismo auto-organizado e com ações intencionais sobre seu meio, em oposição à concepção do organismo como agente passivo a seu meio. De modo sintetizado, os resultados deste trabalho mostram que no domínio neurocientífico estudado encontram-se indícios tanto do modelo de análise real quanto do modelo de análise ideal. Acredita-se que os esforços científicos que levarem adiante pressupostos como os da análise ideal, e continuarem abertos à renovação, podem se aproximar mais da complexa relação que um organismo estabelece com o seu meio do que os estudos embasados apenas na análise real. Abre-se exceção aos estudos de nível microscópico, sob o alerta de que na análise real apenas certos princípios seriam adequados