Resumo: |
Esta Tese desenvolvida na área de concentração Cultura, Filosofia e História da Educação realizou um estudo sobre as culturas escolares, histórias da Educação e a atuação docente na Escola Korina entre Juruna da Terra Indígena (TI) Paquiçamba, no estado do Pará, no período de 1994 a 2014. Criada já no contexto do novo ordenamento jurídico pautado pela Constituição Federal de 1988, em que os Povos Indígenas têm assegurado a educação diferenciada enquanto um direito, sendo responsabilidade do Estado efetivá-la por meio de suas agências estatais como o Ministério da Educação - MEC e as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, a escola Korina Juruna apresenta uma história com singularidades, sendo fundada tardiamente no ano de 2000, por iniciativa da Prelazia do Xingu e do Conselho Indigenista Missionário - CIMI, órgãos ligados à Igreja Católica. A escolha do ano de 1994, para demarcar o início do referido estudo deve-se ao ano da chegada no Xingu, de uma das primeiras professoras a assumir a escola Korina Juruna na TI Paquiçamba em 2000 e devido este ano também remeter ao contexto de maior atuação da Prelazia do Xingu e do CIMI junto aos indígenas por meio de fundação de escolas. A partir de 2004, se apresentam novas configurações no interior da escola Korina que é assumida integralmente por professores contratados pelo município via Prefeitura de Altamira. O período compreendido para este trabalho se encerra em 2014, quando a atuação do poder municipal de Altamira a frente da gestão desta escola se finda. As fontes que foram reunidas e consultadas para a referente pesquisa correspondem a uma documentação diversa como cartas, relatórios, ofícios, jornal Porantim e a revista Mensageiro e de documentos escolares pertencentes ao arquivo do CIMI de Altamira, assim como relatórios, cartas dos Juruna, ofícios e memorandos pertencentes ao arquivo da Funai/Brasília. No arquivo da Secretaria de Educação - SEMED/Altamira também foi possível consultar alguns documentos referentes a escola estudada. Além desta documentação escrita, à pesquisa se embasou em entrevistas, no qual se procurou ouvir os próprios Juruna assim como o corpo docente que atuou na escola. No processo de entrevistas foram surgindo as fotografias, estas a maior parte pertencentes a arquivos pessoais dos professores e das professoras do CIMI que foram entrevistadas e outras pertencentes ao meu próprio arquivo pessoal. Pela perspectiva da história cultural procurou-se compreender a história desta escola a partir da ótica dos sujeitos sociais que mediante as suas práticas deram sentido e forma a escola e que terminaram por formar entre os Juruna uma visão ideal de como a escola deve ser. Estes sujeitos apresentaram diferentes perspectivas e formas escolares entre os Juruna marcando deste modo as visões Juruna. Por outro lado, estes indígenas também não eram homogêneos, tendo constituídos famílias com trajetórias e histórias familiares diversas, influindo e muitas vezes determinando no diálogo/confronto o tipo de Escola que desejavam. Nesta direção, o conceito de cultura escolar, permitiu operar entre o instituído e o não instituído, bem como perceber os sentidos, as práticas e as representações que os sujeitos sociais indígenas e não indígenas procuravam inscrever na identidade desta escola constituindo para a formação de culturas escolares plural e heterogênea na história desta escola indígena. |
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