Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Seabra, Adriana |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-29032017-154841/
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Resumo: |
Quando se trata de opinar ou reportar os fatos a respeito do ensino de português, a imprensa raramente consulta os professores da educação básica. Consigna, entretanto, pareceres e comentários de pesquisadores universitários, acadêmicos da ABL, advogados, economistas, escritores... fontes que, ao falar sobre a língua na escola, produzem imagens sobre quem é, ou deveria ser, o professor que se incumbe de ensiná-la. Nesta pesquisa, investigamos as imagens do professor de língua portuguesa que circulam em dois órgãos da imprensa paulistana dita séria, a Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo. Em contrapartida, analisamos textos publicados por professores na internet, para observar como respondem ao imaginário configurado nos jornais. O corpus constitui-se a partir de um evento-amostra: o factoide criado pela mídia, em maio de 2011, a propósito da distribuição, pelo MEC, do livro didático Por uma vida melhor (AÇÃO EDUCATIVA, 2011). Em vista da complexidade do corpus, composto de uma pletora de gêneros, e da seleção de diferentes objetos de análise em seu interior, tivemos de nos apoiar em mais de uma teoria no campo das ciências da linguagem. Para observar a polêmica que se trava entre a mídia e os estudiosos da língua, empregamos categorias de análise propostas por Maingueneau (2008b), semântica global, interincompreeensão, simulacro, aforização etc. Para observar diferentes aspectos dos dispositivos de enunciação e veridicção do discurso jornalístico, recorremos a construtos de Benveniste (2005), Greimas (1983), e Ducrot (1987). Para a imagem discursiva dos coenunciadores, às noções de ethos e pathos, cuja formalização remonta a Aristóteles (1998). Pudemos observar que, nos textos opinativos a propósito de tal episódio, circulam discursos ideológicos provenientes de esferas diversas, a biologia, o direito, a economia, a política, produzindo sentidos sobre a língua e o ensino de língua. Por meio de expedientes enunciativos que reificam a opinião, os textos informativos apropriam-se diferencialmente desses discursos, atualizando e mantendo em circulação aqueles cuja concepção de língua e de ensino de língua convém à axiologia dos jornais, sustentada nos valores do autoritarismo. Professores informados por concepções de linguagem não normativas, que defendem o ensino plural, são retratados como bárbaros, preguiçosos, assassinos da língua. Estes, ao adentrar o debate, têm de compor o ethos de modo a afastar esse imaginário disfórico produzido nos jornais e, com essa finalidade, procuram demonstrar seu saber sobre o objeto de ensino e seu compromisso político com a docência. |