Ética abolicionista animalista nos \"mangas\" de Mauricio de Sousa: Estética e História da Arte revisitadas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Kanno, Maurício de Paula
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/93/93131/tde-14122018-143051/
Resumo: Este trabalho analisou questões de Ética Animal nos quadrinhos de Turma da Mônica Jovem e Chico Bento Moço, revistas em estilo mangás retratando personagens de Mauricio de Sousa como adolescentes. Para isso, foi realizado um panorama sobre a relação entre Estética, Ética e cultura popular, com destaque para estudos de Jean-Marie Guyau e foi verificado o histórico do pensamento ético sobre os animais na História do Mundo, desembocando em Tom Regan, Gary Francione, Sônia Felipe e Carlos Naconecy. Também se realizou um histórico da representação dos animais na História das Artes Visuais, com destaque para Franz Marc; e o mesmo com os quadrinhos infantis de Mauricio de Sousa, com destaque para o porco Chovinista; uma história em que Chico Bento tentava degolar um peru, mas se arrependeu; o tiranossauro vegetariano Horácio; e as tentativas do personagem mudo Humberto de libertar um canário e um peixe-dourado do negro Jeremias. Entre os autores estudados para as análises, destacam-se Umberto Eco, pela metodologia de interpretação de texto; Antonio Candido, pelos estudos do personagem de ficção; e Mikhail Bakhtin, pela estética do Grotesco. Nas revistas em estilo mangá de Mauricio de Sousa, foram analisados o seu discurso extra-ficcional e princípios gerais enunciados pelos protagonistas sobre os animais; a relação entre humanos e animais selvagens perigosos, silvestres inofensivos e animais de estimação. Verificou-se elevada valorização do critério ambiental, exceto quando está em jogo o consumo de animais. Os casos anteriores foram comparados com a representação do tratamento dos animais mortos e explorados na indústria alimentícia: porcos, vacas, galinhas, peixes e abelhas. Verificou-se que discursos dos protagonistas e o extra-ficcional do autor de amor, paz e proteção generalizados pelos animais são frequentemente incoerentes com atitudes observadas nos personagens e em relação às mensagens identificadas nas histórias, com destaque para a pesca recreativa de Chico Bento. Foi verificado o fenômeno do \"afetismo letal ou coisificador\", termo cunhado nesta pesquisa para designar que, diferentemente do que ocorre na realidade, há certos animais tratados pelo mesmo protagonista com afeto e outros da mesma espécie mortos ou escravizados por seus hábitos de consumo ou atitudes diretas. Cenários idílicos no campo comunicam mensagens enganosas em relação ao que ocorre via de regra no meio rural com os animais; assim como não se valorizou e informou adequadamente sobre os alimentos mais saudáveis na dieta vegetariana. Personagens vegetarianas foram identificadas e análises sobre sua representação e associações decorrentes foram deduzidas. Elas são novidade nestes quadrinhos, porém são exclusivamente mulheres e bruxas com poderes sobrenaturais, com particular e coincidente exposição de seus corpos. Positivamente quanto aos direitos animais, destaca-se história em que a protagonista Mônica e a vegetariana Denise resgatam porcos lembrando uma ação direta de ativismo da Frente de Libertação Animal (ALF); e outra em que Mônica demonstrou aversão ao trabalho na pecuária, apesar de não ser vegetariana. Magali, a personagem de Mauricio de Sousa tradicionalmente mais associada à alimentação, demonstrou forte tendência ao vegetarianismo, além de ocorrerem muitos episódios em que expressou sua compaixão pelos animais e sensibilidade.