Ideias sobre o começo: Igreja Católica e a cosmologia contemporânea (1936-2014)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Zequim, Eliana Cristina
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-23102018-141555/
Resumo: Em 2014, uma carta dirigida pelo papa Francisco à Pontifícia Academia de Ciências em que ele declarava que as teorias do Big Bang e da evolução não contradiziam o Gênesis foi noticiada em tom de surpresa por diferentes veículos de comunicação, refletindo a ideia solidificada no senso comum de que há um conflito necessário entre Igreja e ciência. Com o objetivo de contribuirmos para a desmistificação desta ideia, ao menos no que tange à cosmologia, analisamos o histórico da relação entre a Igreja Católica, a astronomia e a cosmologia desde a antiguidade até o século XXI, além do histórico de como ciência e religião se constituíram em campos diversos do saber humano. Indo de encontro à posição defendida nas últimas décadas pela historiografia das ciências, de que não há um conflito necessário entre ciência e religião, notamos que a tendência da Igreja Católica é a de posicionar-se favoravelmente aos paradigmas dominantes em cada época. Percebendo-se que a Igreja se posicionou favoravelmente à teoria do Big Bang enquanto esta ainda não tinha se consolidado como paradigma e concorria com teorias rivais, como a do Estado Estacionário, traçamos um panorama do desenvolvimento da cosmologia europeia, dos antigos gregos ao século XXI, na tentativa de compreender não só o desenvolvimento desta ciência, mas de que maneira o Big Bang acabou por se tornar o paradigma do campo e por que se mostrou uma teoria interessante para a Igreja Católica. Analisamos então o histórico, os regimentos, as publicações e as biografias dos membros da Pontifícia Academia de Ciências e do Observatório do Vaticano, além dos pronunciamentos papais feitos a esta Academia, na tentativa de entender de que maneira os cientistas destas instituições influenciam os posicionamentos dos papas sobre cosmologia entre 1936 (ano de fundação da Academia) e 2014, percebendo que as discussões promovidas nos encontros destes estudiosos contribuem para oferecer legitimidade às falas papais sobre ciência, bem como aos posicionamentos da Igreja sobre o assunto. Percebemos também que, no último século, a Igreja Católica se esforçou por reforçar, por meio de seus canais oficiais, a ideia de que mantém relação harmônica com a ciência e contribui para seu desenvolvimento, e investe na Academia e no Observatório como meio de reforçar tais posições, num contexto de laicização do mundo político e acadêmico ocidental, em que sua posição de autoridade moral e política é constantemente questionada e precisa ser defendida.