O papel dos estudos geológicos nas teorias sobre a transmutação das espécies no século XIX: uma contribuição histórica para o ensino de evolução

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Santos, Diana Borges dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81133/tde-01072022-115459/
Resumo: O objetivo desta pesquisa na linha História, Filosofia e Cultura no Ensino de Ciências é oferecer uma contribuição histórica para o ensino-aprendizagem de evolução. Esta diz respeito à maneira pela qual a geologia compareceu em duas propostas sobre a transmutação das espécies do século XIX, a saber, a de Jean Baptiste Antoine de Monet, Chevalier de Lamarck (1744-1829) e a de Charles Robert Darwin (1809-1882). Geralmente informações sobre esses aspectos não aparecem na parte histórica dos livros-texto de Biologia brasileiros, ao tratar da evolução. Inicialmente a pesquisa histórica abordou dois debates importantes no campo da geologia que faziam parte do contexto em que as teorias dos dois naturalistas estudados foram propostas: vulcanismo versus netunismo e catastrofismo versus uniformitarismo. A seguir, foram analisadas algumas obras (artigos e livros) em que se encontram as concepções geológicas e paleontológicas de Lamarck e Darwin que constituem o material histórico sobre o assunto. O período estudado abrange de 1800 a 1872. Em um segundo momento, a partir do estudo histórico foi elaborada uma Sequência didática. Esta tese contém uma Introdução e seis capítulos. O Capítulo 1 trata do uso da história da ciência no ensino de ciências. O Capítulo 2 aborda as concepções geológicas encontradas no século XIX e as discussões que estavam ocorrendo no período. O Capítulo 3 discute sobre como a geologia e a paleontologia contribuíram para a teoria sobre a transmutação dos animais de Lamarck e sua posição em relação aos debates que estavam ocorrendo na época. O capítulo 4 se concentra nos estudos geológicos e paleontológicos de Darwin desde o período que antecedeu à viagem do Beagle até a publicação do Origin of species, bem como sua posição em relação aos debates que ocorriam na época. O Capítulo 5 apresenta uma Sequência didática elaborada a partir do estudo histórico. O Capítulo 6 procura responder às questões inicialmente colocadas em relação à pesquisa histórica e faz algumas considerações sobre o assunto tratado na tese. O estudo histórico revelou vários Aspectos sobre a Natureza da Ciência. Por exemplo, as discussões presentes nos debates plutonismo versus netunismo e catastrofismo versus uniformitarismo que ocorreram no final do século XVIII e início do século XIX, mostraram que os cientistas são guiados por evidências; as evidências podem ser interpretadas à luz de diferentes teorias; nem sempre existe acordo na ciência e o empreendimento científico é fruto de um trabalho coletivo. Como nas teorias de Lamarck e Darwin pudemos detectar tanto aspectos do netunismo como do plutonismo, não pudemos atribuir a eles uma posição definida em relação ao debate plutonismo/vulcanismo. Isso mostra também a dificuldade em aplicar rótulos aos cientistas. Os estudos geológicos e paleontológicos tanto de Darwin como de Lamarck tiveram um papel importante na elaboração de suas teorias sobre a transmutação das espécies, especialmente por terem levado a uma visão uniformitarista da natureza compatível com o gradualismo do processo evolutivo. Desse modo, consideramos que vale a pena incluir aspectos geológicos e paleontológicos de suas teorias na parte histórica dos livros-texto sobre a evolução.