Comportamento e hierarquia reprodutiva em Dinoponera gigantea (Perty, 1833)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Lima, Raquel Leite Castro de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-31082023-103721/
Resumo: Na maioria das espécies de formigas as rainhas realizam a reprodução e as operárias cuidam da prole, forrageiam e realizam as outras atividades. Mas, em algumas espécies, não existem rainhas e a reprodução é realizada pelas operárias. Como todas as operárias podem reproduzir, o que define a operária que acasala (gamergate) são interações agonísticas entre as operárias, que resultam em uma hierarquia em que a operária que ocupa a posição mais alta realiza a reprodução. Essa característica pode influenciar a ecologia da espécie, porque gamergates utilizam exclusivamente a estratégia de fissão colonial, em que partem do seu ninho natal para um novo ninho, acompanhadas de outras operárias que ajudam na fundação da colônia. Considerando que essas características são pouco comuns em formigas, nosso objetivo foi compreender a fissão colonial e as hierarquias reprodutivas, utilizando como modelo a espécie Dinoponera gigantea, ainda pouco conhecida. Investigamos características ecológicas (distribuição espacial dos ninhos e composição colonial) relacionadas à fissão colonial e também se comportamentos de grooming (lambidas no gáster de uma companheira de ninho) e fugas também poderiam estar relacionados às hierarquias, além dos comportamentos agonísticos que têm sido investigados. Nossos resultados mostraram que os ninhos se distribuem de forma agregada (floresta primária) e aleatória (área antropizada), sugerindo que o padrão para a fundação de novas colônias pode estar ligado ao ambiente. Encontramos também que a composição colonial não se modifica entre as estações, o que sugere que a colônia não cresce em uma época específica para fissionar, como ocorre em outras espécies. Os dados ecológicos encontrados são reportados pela primeira vez em uma região amazônica, marcada pela forte sazonalidade de chuvas, ampliando os conhecimentos sobre a espécie. Mostramos também, pela primeira vez para esta espécie, que grooming e fugas têm um papel nas hierarquias reprodutivas. Esses comportamentos mostram que o repertório comportamental da espécie é mais sofisticado do que é esperado em espécies que possuem sistema nervoso ganglionar. Como não observamos um período definido para a fissão ocorrer entre as estações, os comportamentos de grooming seriam uma estratégia menos custosa e menos arriscada para as operárias e seriam muito vantajosos quando a espécie precisa organizar a hierarquia após a fissão. Essa tese pode contribuir para aumentar a compreensão sobre os comportamentos envolvidos nas hierarquias reprodutivas, assim como, inspirar novos caminhos para investigações sobre os repertórios comportamentais de outras espécies, nas áreas do comportamento e neurociências, motivando estudos de outros temas relacionados às hierarquias reprodutivas.