A influência das habilidades culinárias dos pais na alimentação de crianças em idade escolar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Martins, Carla Adriano
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-04092017-152620/
Resumo: Introdução - Apesar da importância das habilidades culinárias para a alimentação saudável, estudos sobre este tema são escassos no Brasil. Objetivo - Estudar a influência das habilidades culinárias dos pais (ou responsáveis) no consumo alimentar de crianças em idade escolar. Método - Estudo epidemiológico observacional transversal seguido de estudo experimental, randomizado e controlado, envolvendo intervenção educativa para aperfeiçoamento das habilidades culinárias dos pais. A população do estudo observacional correspondeu a pares de pais-crianças em idade escolar de nove escolas da rede de ensino da instituição parceira, sendo cinco delas sorteadas como grupo intervenção e quatro como grupo controle. Como parte desta tese, também desenvolveu-se e avaliou-se o Índice de Habilidades Culinárias (IHC), que mensura com uma escala entre zero e cem o grau de confiança das pessoas quanto ao desempenho de dez habilidades culinárias consideradas facilitadoras da implementação das recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira. Nas nove escolas, 755 pais responderam por telefone o questionário do IHC e questões sobre o consumo alimentar da criança no jantar do dia anterior à entrevista (recordatório alimentar). Todos os pais do grupo intervenção que responderam o questionário (n=341) foram convidados a participar de um curso de dez horas idealizado pela autora desta tese e ministrado por nutricionistas da instituição parceira, visando aperfeiçoamento de habilidades culinárias. Os pais que aceitaram participar do curso (n=81) foram pareados a pais do grupo controle segundo variáveis sociodemográficas. Utilizou-se regressão linear para testar a associação transversal entre a confiança no desempenho das habilidades culinárias pelos pais e a participação de alimentos ultraprocessados no jantar das crianças, ajustando-se para variáveis sociodemográficas. O impacto da intervenção educativa nas habilidades culinárias dos pais e na alimentação da criança foi avaliado por mudanças temporais intra e inter-grupos utilizando-se modelos de regressão linear brutos e ajustados. Resultados - O IHC apresentou alpha de Cronbach > 0,70, kappa ponderado de 0,55 e kappa ajustado de 0,89. No estudo transversal, a idade média dos pais foi de 38,3 anos e a dos filhos de 7,8 anos. Os pais eram majoritariamente mulheres, brancos, casados, com ensino superior, empregados e com renda familiar per capita de 1-3 salários mínimos/mês. A média do IHC desses pais (78,8) foi relativamente elevada. A média de energia consumida pelas crianças no jantar foi de 672,2kcal, sendo 31,3% de alimentos ultraprocessados. No estudo transversal, evidenciouse diminuição significativa do percentual de participação de alimentos ultraprocessados no jantar das crianças com o aumento do IHC (β= -2,9; p= 0,014; β ajustado= -2,6; p=0,035). No estudo prospectivo não houve diferença significativa entre os grupos intervenção e controle com relação à mudança nas habilidades culinárias dos pais e à mudança na contribuição de alimentos ultraprocessados no jantar das crianças. Conclusões - O IHC apresentou elevada consistência interna e alta reprodutibilidade, recomendando-se seu uso em estudos que avaliem confiança no desempenho das habilidades culinárias no Brasil. Os achados do estudo transversal mostram associação significativa e inversa entre a confiança no desempenho das habilidades culinárias dos pais e o consumo de alimentos ultraprocessados pelos filhos, mas a intervenção educativa não resultou em aumento nas habilidades culinárias dos pais nem no padrão alimentar do jantar das crianças.