Dor muscular e desempenho físico em exercício aeróbio: uma prova de conceito da dor muscular experimentalmente induzida e um estudo do efeito placebo percebido como paracetamol

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Reis, Raul Canestri Galvino
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100139/tde-16022021-165208/
Resumo: A dor é um fenômeno complexo e multifatorial que pode influenciar no desempenho físico durante o exercício. O uso de procedimentos não farmacológicos que atenuem as sensações de dor durante o exercício pode ser atraente. O objetivo do presente estudo foi verificar a influência da dor muscular experimentalmente induzida em teste de tempo até a exaustão (TTE) e verificar se o placebo (PLA) percebido como paracetamol (PCT) seria capaz de reduzir a sensação de dor muscular e melhorar o desempenho físico. Métodos: Após um estudo preliminar sobre o time course da sensação de dor e a confiabilidade da medida do TTE, dezessete homens fisicamente ativos (22,5 ± 3,7 anos, 73,3 ± 7,8 kg, 44,1 ± 4,8 ml/kg/min-1) foram submetidos a 6 visitas ao laboratório, nas seguintes condições: 1) familiarização com procedimentos e instrumentos, teste incremental máximo e familiarização com TTE a 80% da WPICO; 2) TTE de controle (baseline); 3) TTE + solução salina hipertônica (HIP); 4) TTE + solução salina isotônica (ISO); 5) TTE + HIP + PLA; 6) TTE + HIP + PCT. A ordem das visitas 3 e 4, correspondentes ao estudo 1, e as visitas 5 e 6, correspondentes ao estudo 2, foi balanceada dentro de cada estudo, enquanto os estudos 1 e 2 foram realizados sequencialmente. A dor muscular foi induzida antes do TTE com a aplicação de 2 ml de HIP (6% NaCl) ou ISO (0,9% NaCl) sobre o músculo vasto lateral (VL) de ambas as pernas. As respostas de desempenho, cardiopulmonares, de eletromiografia (EMG) do músculo VL e bíceps femoral (BF), eletroencefalografia (EEG) e perceptivas foram coletadas durante o TTE ou repouso (EEG). Resultados: No estudo 1 a dor muscular diminuiu o TTE (P = 0,02), promovendo uma menor resposta cardiopulmonar, EMG e afeto, mas maior percepção subjetiva de esforço (PSE) e sensação de dor (todas variáveis P < 0,05) ao longo do TTE. A dor muscular induzida alterou o EEG na região do córtex pré-frontal e frontal em repouso e córtex pré-frontal e parietal durante o exercício. No estudo 2, o PCT melhorou o desempenho físico, elevando o TTE (P = 0,009). Essa melhora veio acompanhada de maiores respostas cardiopulmonares (todas variáveis P < 0,05), menor EMG e maior PSE (P = 0,04), e inalteradas respostas de sensação de dor (P = 0,76) e afeto (P = 0,85). Curiosamente, não houve alteração no EEG, tanto em repouso quanto durante o exercício (P > 0,05). Conclusão: A redução no desempenho em TTE causada pela dor muscular induzida por injeção de HIP foi acompanhada por uma redução da ativação muscular, alteração na ativação de áreas corticais responsáveis pelo processamento da dor, e intensificação das respostas perceptivas. Contudo, a expectativa em ingerir uma substância analgésica (PCT) melhorou a tolerância em TTE sem alterar as respostas corticais, mas aumentando a tolerância às sensações de desconforto em exercício realizado sob dor muscular