Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Martins, Flavia Leticia |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5166/tde-16102019-112906/
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Resumo: |
O peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1) é um hormônio incretina envolvido primariamente na homeostase da glicose. Em concentrações farmacológicas, este peptídeo apresenta ações extraglicêmicas, incluindo efeitos diuréticos e natriuréticos e efeitos anti-hipertensivos tanto em pacientes como em modelos experimentais de hipertensão arterial sistêmica associada ou não ao diabetes. Ao longo dos últimos anos, nosso grupo de pesquisa demonstrou que as ações farmacológicas do GLP-1, bem como as de outros agonistas do receptor de GLP-1 (GLP-1R) como o exenatide, são mediadas, ao menos em parte, por meio da inibição da reabsorção de sódio via isoforma 3 do trocador de Na+/H+ (NHE3) em túbulo proximal (TP) renal. Adicionalmente, demonstramos que o bloqueio agudo da sinalização endógena do GLP-1R em ratos Wistar, por meio da administração do seu antagonista, exendin-9, promove efeitos antinatriuréticos e antidiuréticos, sugerindo que o GLP-1 endógeno exerce efeito modulatório sobre a reabsorção de sal e água. Esses efeitos renais são mediados tanto por meio de alterações do ritmo de filtração glomerular (RFG), como por diminuição dos níveis de fosforilação do resíduo de serina 552 do NHE3 em TP com consequente aumento da reabsorção de sódio dependente deste transportador. Entretanto, os efeitos do bloqueio em longo prazo do GLP-1R e suas possíveis implicações sobre a reabsorção de sódio em TP e, possivelmente, sobre a pressão arterial (PA), ainda permanecem desconhecidos. Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo testar a hipótese de que o GLP-1 endógeno exerce efeitos modulatórios sobre os níveis pressóricos e investigar os possíveis mecanismos subjacentes. Para isso, ratos espontaneamente hipertensos (SHR) e normotensos (Wistar) com cinco semanas de idade foram tratados com salina (controle), com o antagonista do GLP-1R, exendin-9 (75 Micro g/rato/dia), ou com o agonista do GLP-1R, exenatide (10 Micro g/rato/dia), via intraperitoneal, durante quatro semanas. Comitê de ética: 915/2017 (SHR), 042/17 (Wistar). Semanalmente, realizou-se a aferição indireta da PA por pletismografia de cauda e, na última semana de tratamento, a aferição direta por meio da canulação da artéria carótida. Para avaliar a excreção urinária de angiotensinogênio (AGT) realizamos ensaio imunoenzimático (ELISA), enquanto que os resultados de expressão proteica foram avaliados por western blot (WB). Por meio da aferição indireta da PA constatamos que o tratamento com exendin-9 elevou os níveis pressóricos de SHR (199 ± 4 vs. 190 ± 1 mmHg, p < 0,05) e Wistar (140 ± 4 vs. 124 ± 0,2 mmHg, p < 0,05), quando comparados ao controle, ao passo que o tratamento com exenatide promoveu atenuação da elevação da PA apenas nos ratos SHR (178 ± 1 vs. 190 ± 1 mmHg, p < 0,05). Resultados semelhantes foram observados na avaliação direta da PA, na qual o tratamento com exendin-9 aumentou a pressão arterial sistólica em ratos SHR (149 ± 1 vs. 139 ± 3 mmHg, p < 0,05) e Wistar (116 ± 5 vs. 101 ± 1 mmHg, p < 0,05), comparados ao controle, enquanto que o tratamento com exenatide demonstrou atenuação do aumento da PA somente em SHR (127 ± 1 vs. 139 ± 3 mmHg, p < 0,05). O aumento nos níveis pressóricos no tratamento com exendin-9 foi acompanhado por diminuição dos níveis de fosforilação da serina 552 do NHE3 tanto em SHR (60 ± 5 vs. 100 ± 5 % SHR-Ctrl, p < 0.01) quanto em Wistar (81 ± 5 vs. 100 ± 4 % Wistar-Ctrl, p < 0.05), sugerindo indiretamente maior atividade deste transportador. Por outro lado, o tratamento com exenatide apresentou maiores níveis de fosforilação deste transportador somente em SHR (114 ± 7 vs. 100 ± 5 % SHR-Ctrl, p < 0.05). Ademais, observamos aumento da excreção urinária de AGT em SHR (102 ± 9 vs. 47 ± 7 ng/mg, p < 0,05) e Wistar (16 ± 2 vs. 4 ± 1 ng/mg, p < 0,05), sendo este um marcador de ativação do sistema renina angiotensina (SRA) intrarrenal. Em contrapartida, o exenatide proporcionou redução significativa da excreção urinária de AGT em SHR. Mediante o exposto, concluímos que o bloqueio em longo prazo do GLP-1R intensifica o aumento da PA em ratos SHR e eleva os níveis pressóricos em ratos Wistar. Este efeito pressórico observado foi associado à maior reabsorção de sódio em TP pelo NHE3, e maior ativação do SRA intrarrenal em ambas as linhagens |