Polimorfismos genéticos e o câncer de cavidade oral e laringe: contribuição do álcool e fumo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: De Antonio, Juliana
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5144/tde-13012020-121533/
Resumo: INTRODUÇÃO: Os principais fatores de risco relacionados ao carcinoma de células escamosas (CEC) da cavidade oral e da laringe são o tabagismo e o etilismo, existindo um efeito sinérgico entre esses fatores e uma relação diretamente proporcional com a quantidade e tempo de exposição. Embora muitos indivíduos estejam expostos à essas substâncias, somente uma parcela desenvolve o câncer, sugerindo que diferenças genéticas individuais influenciam a carcinogênese. Genes responsáveis pela codificação de enzimas que metabolizam o álcool (ADH1B, ADH1C, CYP2E1) e de moléculas envolvidas no sistema de reforço e recompensa do consumo de álcool e tabaco (OPRM1, DRD2, SLC6A4, CHRNA5 e CHRNA3) exibem polimorfismos genéticos que parecem modular a suscetibilidade individual ao câncer. O presente estudo selecionou 11 polimorfismos genéticos presentes nesses genes (ADH1B*2, ADH1B*3, ADH1C*1, ADH1C*2, CYP2E1 c2, OPRM1 Asn40Asp, OPRM1 Ala6Val, DRD2 Glu713Lys, SLC6A4 (indel), CHRNA5 Asp398Asn e CHRNA3) e avaliou a contribuição deles no risco do câncer de cavidade oral e de laringe. Alguns fatores individuais como os hábitos de beber e fumar e os padrões de consumo do álcool e do tabaco também foram considerados nas análises de risco. MÉTODOS: As variantes genéticas foram genotipadas em 384 pacientes com câncer (235 pacientes com CEC de cavidade oral e 149 pacientes com CEC de laringe) e em 448 indivíduos sem histórico de neoplasias, selecionados no Hospital Heliópolis, São Paulo - Brasil. As análises de associação foram realizadas para dois modelos genéticos (genótipos e dominante). RESULTADOS: A variante alélica ADH1B*2 em heterozigose (ADH1B*1/*2) foi associada a um risco menor de desenvolvimento tanto do carcinoma de cavidade oral (OR = 0,36; IC 95% 0,19 - 0,70) quanto do carcinoma de laringe (OR = 0,33; IC 95% 0,15 - 0,73). Esse efeito potencialmente protetor também foi mantido no modelo genético dominante para ambos os tumores (p < 0,05). Por outro lado, os pacientes com genótipo heterozigoto para os polimorfismos OPRM1 (Asn40Asp, alelo G) e OPRM1 (Ala6Val, alelo T) apresentaram riscos 1,73 e 1,89 vezes maiores de desenvolver o câncer de laringe quando comparado aos indivíduos com genótipo homozigoto selvagem. Riscos semelhantes também permaneceram para o modelo genético dominante. Quanto ao hábito de beber, somente os pacientes que se declararam bebedores atuais apresentaram risco de desenvolver o CEC de cavidade oral (OR = 1,83; IC 95% 1,20 - 2,79) quando comparados aos indivíduos que nunca beberam, enquanto a ingestão pesada de bebidas alcoólicas (>= 50 g/dia) elevou o risco tanto para o carcinoma de cavidade oral (OR = 2,58; IC 95% 1,68 - 3,93) quanto para o de laringe (OR = 2,08; IC 95% 1,27 - 3,43). Já o hábito de fumar aumentou em quase oito vezes o risco de desenvolver ambas as neoplasias entre os pacientes que declararam ser fumantes atuais quando comparados aos indivíduos que nunca fumaram, enquanto aqueles que se declararam ex-fumantes apresentaram riscos menores de desenvolver o CEC de cavidade oral (OR = 2,72; IC 95% 1,41 - 5,25) e de laringe (OR = 4,17; IC 95% 1,86 - 9,34). Verificou-se também aumento progressivo no risco de ambos os cânceres em decorrência da carga tabágica (maços-ano) consumida. Para o CEC de cavidade oral, os riscos foram duas (até 20 maços-ano; p = 0,022), seis (21 - 40 maços-ano; p < 0,001) e nove ( > 40 maços-ano; p < 0,001) vezes maior para os pacientes quando comparado aos indivíduos que nunca fumaram, enquanto para o CEC de laringe observamos riscos sete (21 - 40 maços-ano; p < 0,001) e 11 ( > 40 maços-ano; p < 0,001) vezes maior. CONCLUSÕES: Os resultados obtidos parecem sugerir uma contribuição dos polimorfismos genéticos associados com a metabolização do álcool (ADH1B*2) e com o consumo abusivo e dependente do álcool e tabaco (OPRM1 Asn40Asp e OPRM1 Ala6Val) no risco dos carcinomas de cavidade oral e da laringe. Além disso, ratificamos a contribuição e a importância de fatores de riscos conhecidos, como o fumo e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas no desenvolvimento dessas neoplasias