Compreendendo o conceito de fadiga: estudo de caso dos trabalhadores em uma indústria gráfica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2003
Autor(a) principal: Queiróz, Maria de Fátima Ferreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6134/tde-08022021-121441/
Resumo: Considerando que os estudiosos de diversas áreas do conhecimento apresentam a fadiga como um fenômeno complexo e de difícil definição, realizou-se um estudo visando analisar a presença do estado de sensação de fadiga em um grupo de trabalhadores de uma indústria gráfica da região metropolitana de São Paulo. Utilizou-se três abordagens nesta pesquisa: uma quantitativa e duas qualitativas. O grupo foi composto por 200 trabalhadores. Na abordagem quantitativa aplicou-se um questionário amplamente usado em estudos sobre fadiga. Na abordagem qualitativa optou-se pela realização de uma investigação, não exaustiva, sobre o trabalho e as condições de trabalho, utilizando-se a observação livre do posto de trabalho e uma avaliação da fadiga a partir do discurso dos trabalhadores. No total dos trabalhadores analisados; 145 (72,5%) eram homens e 55 (27,5%) mulheres. No grupo, a taxa de prevalência de fadiga profunda foi 37,5%. A prevalência para os homens foi de 35,9% e para as mulheres foi de 41,8%. A análise da fadiga por estado civil e sexo apresentou um índice de fadiga com freqüência maior para as mulheres casadas (73,9%, 17) do que para as solteiras (26,1%, 6). Essa diferença é estatisticamente significativa (χ2 = 5,98; p = 0,01). A prevalência de fadiga crônica foi de 7,0%, com 5,5% para os homens e 10,9% para as mulheres. Na abordagem qualitativa, entrevistou-se 23 trabalhadores, sendo 8 com fadiga e 15 sem fadiga, segundo a Escala de Fadiga aplicada. No discurso dos trabalhadores com fadiga estes se sentiam cansados (as) mentalmente e fisicamente, expressando-se como sem ânimo, irritados (as), com estresse, além de relatarem dores nos ombros, nas mãos e nas pernas. Segundo eles, ficar cansado é pior que ficar doente. O enfretamento da situação de fadiga passa por estar sempre recuperando as energias, descansando ou estando com a alma (mente) preparada para poder suportar aquele instante. A observação do trabalho nos postos dos setores estudados apontou a presença de fatores associados à determinação de fadiga. Por exemplo, uma produção que ocorria em condições de velocidade alta com repetição de movimentos em ciclos curtos de trabalho, exigência de atenção e concentração e um trabalho realizado sob pressão externa e interna. A fadiga mostrou-se como uma condição presente nos indivíduos e de difícil definição, devido, provavelmente, à sua característica complexa. Esta pesquisa apontou uma alta prevalência de fadiga para o conjunto de trabalhadores estudados e uma maior prevalência em mulheres do que em homens, com um maior acometimento em mulheres casadas. A abordagem quantitativa do fenômeno fadiga restringiu-se a sinais e sintomas pré-determinados. Na abordagem qualitativa a fadiga mostrou ser um fenômeno que depende, em parte, da maneira como o indivíduo cria estratégias de enfrentamento diante da situação de trabalho. O papel da estratégia de enfrentamento parece ser importante e estar associado à determinação da ocorrência da fadiga. Esta pesquisa mostra que um caminho para a compreensão da fadiga é uma concepção mais abrangente do fenômeno.