Resumo: |
Essa pesquisa busca compreender a política e as políticas por trás dos grandes projetos de renovação urbana, analisando processos políticos e institucionais dos projetos da região portuária do Rio de Janeiro e do entorno do Parque Olímpico de Londres. A comparação tem como objetivo compreender o que explica a realização dos projetos, e as suas similaridades e diferenças, dado que estão inseridos em contextos políticos diversos. Argumento que a partir da comparação proposta é possível identificar três condições necessárias para a ocorrência desses projetos. A combinação de características internas a essas condições resulta em entendimentos sobre quem governa, quem controla e quem regula as diferentes etapas dos projetos, incindindo sobre o espaço (ou ausência) de políticas redistributivas nos arranjos desse tipo de política urbana. A estrutura comparada utiliza de categorias gerais para abordar casos e sistemas distintos, analisando trajetórias e momentos de oportunidade nos quais foram produzidos encaixes entre acesso a terras, coalizões políticas, e arranjos institucionais. As operações urbanas consorciadas em São Paulo são estudadas como um contraponto à análise, como um \"shadow case\" que permite testar os efeitos da variação de alguns dos elementos da comparação principal. Os resultados encontrados produzem um importante contraponto a argumentos da literatura que vinculam a existência de recursos de governos nacionais em cidades do Norte global à presença de politicas redistributivas, e, em cidades do Sul, a processos de captura do Estado criando, com isso, gramáticas específicas para a análise de grandes projetos urbanos em cidades na periferia e no centro do capitalismo global. Argumento, ainda, que existem similaridades importantes tanto no processo de costura política como nos produtos dos projetos aqui analisados. Ambos foram formulados por coalizões multinível com articulação decisória e orçamentária dos governos nacionais, mas que ainda assim atrelaram as políticas a expectativas de mercado, prejudicando componentes redistributivos em função de uma expectativa de retorno do investimento públicos. |
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