Avaliações internas e externas: concepções, tensões e articulações no trabalho avaliativo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Siqueira, Valéria Aparecida de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-17012018-110503/
Resumo: Nas últimas décadas, observamos que o debate sobre a qualidade do ensino público intensificou-se e incorporou como um de seus aspectos centrais os resultados obtidos por alunos em avaliações externas, especialmente no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). A centralidade obtida por essas avaliações ensejou discussões, notadamente na literatura da avaliação educacional, sobre a pertinência de sua aplicação e possíveis influências sobre o currículo e sobre o trabalho docente. Entretanto, ainda não se tem uma apreensão mais detalhada dos efeitos dessas avaliações no interior das escolas. Nesse sentido, desenvolveu-se uma pesquisa com o objetivo de apreender influências das avaliações externas nas concepções dos professores sobre avaliação educacional, considerando que essas concepções constituem um fator relevante para o trabalho docente. Foi observado, ao longo de mais de dois anos de investigação em uma escola da Rede Municipal de Ensino de São Paulo (RME-SP), rede exposta a grande quantidade de avaliações externas, que a influência dessas avaliações no cotidiano escolar se dá de modo complexo, não sendo consequência automática de orientações oficiais, mas, antes, trata-se de uma influência dependente de vários fatores, com efeitos diversificados que, para o caso de algumas avaliações externas, chegam a ser nulos. Um desses efeitos, por hipótese, se dá nas concepções que os professores têm sobre avaliação educacional, o objeto desta investigação, sem desconsiderar que essas concepções também pesam para a incorporação das avaliações externas às atividades pedagógicas. No contexto pesquisado, mesmo considerando a pressão por resultados exercida pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME-SP) ou pelo Ministério da Educação (MEC), com destaque para o Ideb, não se verificou que as avaliações externas estejam dominando o trabalho escolar e as concepções de avaliação educacional dos professores. Utilizando como método de pesquisa a triangulação de dados, pudemos inferir concepções de avaliação educacional dos professores e identificar algumas implicações das avaliações externas sobre as mesmas; pudemos, também, constatar que essas concepções ainda precisam ser problematizadas por conta das consequências sobre a aprendizagem e o sucesso escolar dos alunos. Concluímos que os efeitos mais aparentes decorrem, ainda sem estabelecer um condicionamento do trabalho pedagógico, das iniciativas municipais de avaliação externa. A complexidade do cotidiano escolar e o protagonismo que certas concepções de avaliação educacional teriam sobre as formas de agir dos professores, nos obrigam a resistir ao discurso que considera a escola um ambiente estático, que recebe passivamente influências externas, ainda que sob a forma de orientações oficiais, ignorando a diversidade de concepções que coabitam esse espaço e que detêm um protagonismo sobre as práticas ali desenvolvidas. A pesquisa desenvolvida na Emef Sol Nascente lançou luzes sobre as influências exercidas pelas avaliações externas no cotidiano escolar e mostrou que são mais complexas do que apontam certos discursos reducionistas.