Revisão do pensamento sanitário como foco no Centro de Saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Mello, Guilherme Arantes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-31082010-181535/
Resumo: Sob o referencial da história das idéias, este estudo revisa o pensamento sanitarista brasileiro, norteado pela figura do Centro de Saúde. A reforma do Serviço Sanitário paulista de 1925 e a instituição das Unidades de Saúde da Família em 1994 definem os limites gerais da revisão. Considera-se a possibilidade de que o discurso sobre o Centro de Saúde inaugurou uma nova era epistemológica na saúde pública, definida pela dimensão individual da educação sanitária, em detrimento da medicina das cidades ou era bacteriana. As novas concepções surgiram, sustentaram e foram sustentadas pelo deslocamento da influência política e intelectual francesa para os Estados Unidos, materializada nas ações da Fundação Rockefeller, tendo por base a Universidade Johns Hopkins. São Paulo foi uma das cidades escolhidas para investimento maciço, como efeito demonstração do novo ideário. Embora a atuação institucional da Fundação tenha tido escala planetária, a apropriação discursiva e adaptação local se mostrou mais precoce e coesa na América Latina, dando ensejo a criação e fortalecimento de um verdadeiro pan-americanismo na saúde pública, com a participação do Brasil. No país, o discurso da era sanitária e seus corolários medicina preventiva, medicina integral, medicina comunitária e atenção básica/primária, foi clivado por três grandes matrizes políticas, que se sucederam e predominaram em momentos distintos: pensamento clássico, de matriz liberal e que dá significação cultural local às idéias que prevalecem no debate internacional a partir dos anos 1920; o pensamento radical, de matriz marxista, que aflora na segunda metade dos anos 1970, principalmente no seio da intelectualidade acadêmica; e o pensamento comunitário em saúde pública, de raízes no pensamento político da assistência social, estimulado pela estratégia da Saúde da Família nos anos 1990. O pensamento radical em saúde pública nasce sob incisiva oposição ao regime militar e ao pensamento clássico. Em sua matriz discursiva a saúde coletiva substitui as expressões anteriores e se concentra no determinantes sociais da saúde, relegando o debate setorial ao segundo plano. Embora sem a devida clareza, o pensamento comunitário recupera e busca atualizar muitas das concepções clássicas, sem fugir da composição com o discurso radical. Alguns conceitos originalmente ligados ao ideário dos Centros de Saúde se destacam ao longo do período analisado: integração (integralidade); descentralização (desconcentração); e socialização (universalidade). Num plano histórico mais abrangente, reconhece-se atualmente que a saúde pública brasileira esteve na essência de um projeto de construção nacional iniciado na Primeira República, mas efetivamente posto em ação na era Vargas. Os Centros de Saúde, hoje representados no ideário da Atenção Básica, não só participaram desta história, como, na realidade, lhe foram em grande parte seus protagonistas