Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Bueno, Igor de Almeida Faria |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-01022019-172551/
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Resumo: |
O câncer é uma doença de alto impacto na vida de quem o sofre e mesmo entre aqueles que superaram sua ameaça e se encontram estabelecidos e sem risco de morte. Para o melhor entendimento do que esta doença desencadeia na vida humana, são necessários estudos junto às pessoas sobreviventes da doença. Considerando o referencial da Psicologia Analítica sobre os processos psíquicos, este trabalho buscou compreender os processos do complexo do eu dos sobreviventes do câncer; descrever o funcionamento e a natureza do complexo do eu a partir dos relatos destas pessoas foi o objetivo principal deste estudo; secundariamente, buscou-se compreender o impacto que a doença oncológica proporcionou aos seus sobreviventes, ou seja, quais as consequências desta experiência em suas vidas. O método escolhido foi o clínico-qualitativo, com o uso de entrevista semidirigida em que aspectos transferenciais e contratransferenciais também foram considerados como forma de complementar a análise. Foram entrevistadas pessoas do sexo masculino e feminino, que tiveram câncer de mama e de pulmão, com idade variando entre 57 e 66 anos. Todos os participantes realizaram tratamento cirúrgico e outro auxiliar, como quimioterapia ou radioterapia. Os resultados indicam que o complexo do eu é uma instância importante na organização da vida dos sujeitos, que garante coesão da personalidade, integridade, a manutenção da continuidade dos eventos vividos e da identidade. O complexo do eu necessita do contato com o outro e com a possibilidade da experiência da alteridade para que surjam mudanças fortalecedoras para o desenvolvimento total da personalidade. A relação simbólica com imagens que se refiram a uma realidade transcendente é intensificada pela experiência do adoecimento oncológico, em que o eu procura por novos significados e fonte de vitalidade para lidar com suas limitações. Os participantes fizeram uso de mecanismos de enfrentamento como o apoio na medicina, na música, nos profissionais de saúde e psicoterapia, na religiosidade e no suporte social. Verificou-se o potencial de crescimento psicológico análogo à metanoia, com uma crise de significado da vida baseado na adaptação à uma vida mais baseada em valores mais pessoais. Há indicativos de transformações psicológicas importantes após o término do tratamento oncológico. Houve, de modo geral, valorização do aspecto físico, do prazer, de cuidados, das relações afetivas mais importantes, desvalorização do trabalho, desinvestimento das obrigações de papeis, desenvolvimento de uma personalidade diluída na massificação para uma singularidade mais autêntica e, também crises de papeis cujo o complexo do eu estava bastante identificado. Esta pesquisa contribuiu à Psicologia Analítica com mais evidências empíricas sobre a natureza do complexo do eu, assim como lançou mais esclarecimentos sobre a vida psíquica e mudanças globais após o fim do tratamento oncológico |