Cuidando de ser psicólogo no hospital: uma cartografia de experiências sobre a construção de um lugar, contadas sob inspiração da psicologia analítica de C. G. Jung

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Silva, Simone Correa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-20072011-145143/
Resumo: O ofício do psicólogo numa instituição hospitalar é como uma arte que se modula dia-apósdia de trabalho e revela realidades desafiadoras no que se refere à sua inserção e à sua prática. A proposta deste estudo foi discutir o processo de construção do lugar do psicólogo no hospital geral com inspiração no referencial da psicologia analítica. Adotei a cartografia como metodologia de trabalho, utilizando narrativas obtidas a partir de diários de bordo que descreveram inquietações, questionamentos e reflexões sobre situações vivenciadas ao longo do percurso de minha prática enquanto psicóloga num hospital geral do município de São Paulo. O termo lugar, que transcende o espaço físico, foi entendido como disponibilidade emocional mediante situações diversas que se dão em termos de tempo e espaço no hospital. Refere-se a um jeito próprio de ocupar uma morada e que se configura por uma atitude clínica, no seu sentido etimológico. Apropriar-se de seu lugar é um processo de construção, fundamentação e manutenção, permeado por variáveis tais como: formação, supervisão, análise pessoal, conhecimento sobre a realidade e contexto da instituição e apropriação de uma persona criativa para transitar nesse contexto que corresponde a um self institucional. Essa construção se mostra em sincronia com o processo de individuação do psicólogo, em seus aspectos de desenvolvimento profissional. Considerando-se, inclusive, que, no seu trabalho dentro do hospital, sua individuação se cruza com a dos outros personagens que também transitam neste contexto. Através de sua postura de prontidão, o psicólogo ausculta as demandas que lhe são confiadas, clarificando sentidos e cuidando para que o encontro aconteça como possível o for e num processo percorrido junto e de modo que ao outro seja devolvido seu potencial de responsabilidade e cuidado. Importante atentar, inclusive, para sua atitude dentro da equipe e em relação ao modo pelo qual recebe e dá atenção às solicitações de intervenções. Também se faz necessária uma conciliação e flexibilização entre o tempo kairótico e o cronológico: entre a necessidade emocional do paciente, a disponibilidade pessoal do psicólogo e as emergências e urgências práticas do contexto hospitalar. O mito de Héstia pode inspirar-lhe uma atitude acalentadora ao sofrimento e incômodo humanos. Tal como a disponibilidade emocional do psicólogo, a lareira de Héstia é o lugar da passagem e deve sempre ser mantida acesa; ela proporciona o estar para que se restabeleça um cuidar de ser e de resgatar novos modos de continuar sendo. Já a presença inspiradora de Hermes abre caminhos para a transição rumo ao porvir, encaminhando sentidos aos impasses do cotidiano hospitalar. Um questionamento que também se mostrou relevante, pois embasa o lugar da Psicologia em qualquer contexto, refere-se ao que interpela o lugar que cabe à Psicologia enquanto ciência e a qual convocação esta se dirige, atualmente. O lugar do psicólogo no hospital, assim como em qualquer outro local, existe por sua legitimidade. Precisamos apenas reconhecê-lo e habitá-lo. Para isso, não podemos esperar que nos seja indicado; nós devemos clarificá-lo por uma atitude própria