Ansiedade de performance musical: causas percebidas, estratégias de enfrentamento e perfil clínico de músicos brasileiros e australianos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Burin, Ana Beatriz
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17148/tde-25052018-144106/
Resumo: A ansiedade de performance musical (APM) é um subtipo do transtorno de ansiedade social caracterizado pela presença de temores relacionados ao desempenho musical que podem acarretam prejuízos na vida profissional dos músicos. Os sintomas variam de sensações de estresse normais da profissão à sintomas de ansiedade intensos. A literatura sugere que a etiologia da APM envolve aspectos fisiológicos e psicológicos. O conhecimento de outros aspectos como as causas da APM percebidas pelos músicos, estratégias de enfrentamento e variáveis culturais parece importante para uma visão detalhada da APM. O presente projeto teve por objetivo principal descrever o perfil clínico, os aspectos relativos à prevalência, causas percebidas e estratégias de enfrentamento da APM em uma amostra de músicos brasileiros clássicos (GCB) e populares (GPB) e comparar com uma amostra de músicos australianos profissionais (GMA). Foram utilizados diversos instrumentos de auto avaliação em uma amostra de 214 músicos brasileiros (GCB=114; GPB=100) e 376 músicos australianos. Os dados referentes à amostra brasileira foram analisados por meio de programa estatístico específico, em função das variáveis: formação musical, presença/ausência de APM e sexo. Foram realizadas análises comparativas entre músicos clássicos brasileiros e músicos australianos. Adotou-se como nível de significância p<0,05. Os resultados apontam que 38,8% da amostra brasileira apresenta indicadores de APM e não houve diferença significativa de indicadores psiquiátricos entre os grupos GCB e GPB, exceto para subescala social de sensibilidade à ansiedade cuja pontuação média foi maior para o GCP. Quando comparados GCB e GMA, observou-se índices superiores nos indicadores de ansiedade traço, APM e depressão no GCB enquanto o GMA apresentou maiores indicadores de sensibilidade à ansiedade. Os músicos com APM apresentaram um perfil mais comprometido nos indicadores psiquiátricos. Em relação ao sexo, as mulheres apresentaram maiores índices de sensibilidade à ansiedade e depressão. Quanto as causas percebidas de ansiedade, independentemente da condição musical, do sexo e presença/ausência de APM as mais frequentemente apontadas pelos músicos foram a pressão de si próprio, tocar repertório difícil, incertezas ocasionadas por falhas técnicas e preocupação com a reação/avaliação da plateia. Quando comparados em função da formação musical, presença/ausência de APM e país de origem, o GCB, músicos com APM e GMA identificam com maior frequência e significância estatística um maior número de situações causadoras de ansiedade. De forma geral, a maioria das causas percebidas tem locus interno. Quanto às estratégias de enfrentamento, observou-se semelhança nas mais utilizadas independente da formação musical, presença/ausência de APM, sexo e país de origem. As mais utilizadas foram respirar profundamente, aumentar treino, familiarizar-se com local da performance e usar técnicas de relaxamento e, as mais utilizadas também foram efetivas do ponto de vista dos músicos. Nota-se predomínio de estratégias internas aos músicos e baixa procura por recursos externos como profissionais da área da saúde. A APM é uma condição que afeta tanto os músicos brasileiros como os australianos, as causas percebidas de forma geral são associadas a variáveis internas aos músicos que enfrentam esta condição com recursos próprios, com baixa procura por profissionais que poderiam oferecer intervenções mais efetivas.