O negativo da história: reflexões histórico-conceituais sobra a totalidade do capital

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Lopes, Vinícius Matteúcci de Andrade
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-19092024-131319/
Resumo: A presente tese investiga o difuso e heterogêneo processo de constituição da autoreflexividade histórica que absorve e reproduz a transição, entre o século XIX e XX, do capitalismo na Europa. O enfoque principal incide sobre a Alemanha como caso de estudo privilegiado, em virtude de ser um país que, devido ao particular avanço do capital no final do XIX, internalizará a classe trabalhadora como sujeito social politicamente ativo e teoricamente organizado nas disputas econômicas, políticas e sociais. Enquanto movimento concreto de reflexão, a dinâmica da revolução e sua negação torna-se um componente constitutivo e permanente. Nesse processo, em que a socialdemocracia alemã se apresenta enquanto ponto de inflexão incontornável, a obra marxiana surge como principal fonte teórica de nossa análise. Adotaremos O capital como objeto principal, visto que essa obra expressa a seguinte oposição: por um lado, foi utilizada por diversos autores como instrumento de análise sobre o processo de transição; por outro, foi reduzida à mera descrição das relações empíricas de um capitalismo antigo, já ultrapassado. A socialdemocracia alemã, ao mesmo tempo em que incorpora a crítica marxiana no novo contexto histórico, contribui para impulsionar sua dissolução teórico-prática. A partir do momento em que a expectativa de uma crise derradeira não se consuma após 1873-96 e a luta de classes avança sob formas burguesas, emergem novas interpretações sobre o capitalismo e seu movimento histórico. O avanço dos trustes, a mudança do papel dos bancos e o desenvolvimento em direção ao colonialismo, condicionam a conhecida virada para o capitalismo monopolista. À luz dessas mudanças, buscamos examinar em que medida elas tensionam tanto a lógica socialdemocrata, que passa a ver no capital a capacidade de se auto-organizar e evitar autodestruição (Hilferding), como a lógica revolucionária que identificará o capital em sua última fase: em um processo contínuo de definhamento (Lenin). Assim, essas diversas vias orientam linhas de análise, a fim de verificar de que maneira elas se refletem nas discussões teórico-práticas do período. Dessa maneira, a composição da tese se divide em duas partes. Na primeira, desdobramos e discutimos algumas configurações histórico-conceituais dessa autoreflexividade entre o século XIX e XX na Alemanha tendo como base os elementos da clássica passagem da fase liberal para a fase monopolista. Na segunda, abordamos mais diretamente a crítica da economia política marxiana. Uma vez que a reflexividade antes examinada se elabora nas intersecções entre a interpretação do tempo presente e a obra marxiana, temos elementos para refletir conceitualmente sobre como, no interior de sua obra, Marx compreende o capital como um processo histórico real em movimento.