Caracterização proteômica e funcional do veneno de duas espécies de serpentes do gênero Bothrops submetidas à mudança de dieta

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Galizio, Nathália da Costa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/87/87131/tde-24112022-162739/
Resumo: As peçonhas de serpentes são um dos venenos animais mais estudados. Sua composição é complexa, sendo compostas majoritariamente por proteínas, que correspondem a aproximadamente 90% de seu peso seco. As proteínas do veneno estão sujeitas à evolução Darwiniana e a variação na composição do veneno é observada em diferentes níveis taxonômicos. Estudos demonstram de forma consistente que há grandes variações na composição dos venenos de serpentes entre diferentes espécies e mesmo dentro de uma mesma espécie. Essas diferenças podem ser decorrentes de fatores variados, incluindo sexo, idade, distribuição geográfica e dieta. A variação da composição do veneno devido à dieta pode estar relacionada à especialização da serpente a diferentes presas. Entretanto, a relação entre a dieta e a composição e atividades do veneno ainda é um tema controverso e pouco estudado. Logo, o objetivo deste trabalho é investigar a influência da dieta na composição e nas atividades bioquímicas e biológicas do veneno das serpentes das espécies Bothrops moojeni e B. alternatus. Para isso, as serpentes de ambas as espécies tiveram sua dieta alterada de mamíferos (camundongos ou ratos), o padrão utilizado na manutenção das serpentes do plantel do Laboratório de Herpetologia do Instituto Butantan, para anfíbios (Lithobates catesbeianus) por um ano e, depois, retornaram à dieta com mamíferos. Com relação às serpentes, notou-se que a espécie B. moojeni apresentou menos rejeição à alimentação, sem episódios de regurgitação ou morte devido à dieta. Já as B. alternatus apresentaram muitos episódios de regurgitação, além de problemas bucais graves, incluindo estomatite com presença de cáseos. Observaram-se poucas diferenças no perfil eletroforético e cromatográfico de B. moojeni, porém as serpentes da espécie B. alternatus apresentaram uma banda de ~15 kDa mais intensa nos venenos finais, mas que se manteve após o retorno à alimentação. Além disso, houve o surgimento de novos picos cromatográficos na cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) em especial no veneno das fêmeas, o que não foi observado em B. moojeni. Com relação às atividades enzimáticas, as diferenças mais notáveis foram na atividade de LAAO e PLA2 das serpentes B. alternatus, enquanto o veneno de B. moojeni demonstrou poucas alterações. Os ensaios in vivo demonstraram uma diminuição da atividade letal em camundongos e um aumento da letalidade em anfíbios para ambas as espécies. As atividades hemorrágica e edematogênica apresentaram uma diminuição com a alimentação baseada em anfíbios em ambas as espécies, mas houve retorno à atividade inicial apenas na espécie B. moojeni. Sendo assim, os resultados corroboram a influência da dieta na composição e função do veneno, indicando sua plasticidade fenotípica.