Atuação clínica junto a familiares em luto antecipatório em contexto domiciliar: uma proposta a partir do ponto de vista da psicologia analítica, com contribuições de Winnicott

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Gonzaga, Ludymilla Zacarias Martins
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-28052021-143116/
Resumo: O adoecimento de um indivíduo por doença crônico-degenerativa leva os familiares e seu entorno ao contato com uma morte anunciada e, portanto, à vivência do luto antecipatório. Em casos graves, os pacientes podem ser assistidos por equipes multiprofissionais no próprio domicílio. Psicólogas e psicólogos têm como foco de atendimento tanto o paciente quanto os familiares. Entretanto, observa-se ainda uma carência de estudos no que diz respeito à compreensão do fenômeno do luto antecipatório de familiares neste contexto e a falta de ferramentas técnicas para o manejo adequado. O objetivo geral da presente pesquisa foi desenvolver, primeiro, uma compreensão sobre a experiência do luto antecipatório desses familiares, a partir do arcabouço teórico de Jung e sucessores, acrescido de contribuições do psicanalista Winnicott; segundo, a partir dessa elaboração, formular orientações técnicas que possam contribuir para a atuação psicológica com esses familiares. O método utilizado foi um estudo estrutural-conceitual dos constructos da Psicologia Analítica e a busca de conceitos pertinentes desenvolvidos por Winnicott. Como resultado, temos que, a partir de Jung, o processo de luto é vivenciado, na saúde, de modo oscilatório entre o ponto de vista do ego com inúmeras ambivalências e, também, pelo ponto de vista do self, permitindo ao enlutado os sentimentos de paz, alegria e confiança. O processo de luto é uma dinâmica de adaptação na qual podem ocorrer regressões e progressões da energia psíquica e vários processos como tensão, polarização, integração e transformação. Jung recomenda que o ser humano deve acessar a morte também em seu aspecto simbólico e que as imagens advindas do inconsciente sejam utilizadas para ampliar os recursos no enfrentamento. O processo de luto antecipatório pode, portanto, carregar um poder de transformação, regeneração e de encontro com o outro e com o si mesmo no processo de individuação. De Winnicott, respeitadas as diferenças paradigmáticas, acrescentou-se que o desenvolvimento humano, a capacidade de ter fé em..., a experiência com angústias impensáveis e a experiência da primeira morte podem ter uma contribuição significativa na lida com a segunda morte. Outro resultado da pesquisa foi a construção de considerações técnicas para a atuação junto ao grupo familiar. São indicadas orientações sobre as peculiaridades do trabalho em setting domiciliar, importância do holding suficientemente bom com o grupo, a postura da/do terapeuta, da atenção aos processos individuais e do coletivo familiar, a utilização da escuta simbólica e do uso de técnicas expressivas que auxiliem no enfrentamento do luto. Isso posto, o manejo deverá oportunizar o processo de individuação e desinterdição da comunicação intrafamiliar, construindo a vivência do luto antecipatório enquanto um rito de passagem. Este conjunto de análises e desenvolvimentos contribui para cobrir lacunas no que tange ao conhecimento clínico e teórico produzido pela Psicologia. Contudo, há necessidade de mais estudos para complementar este campo de atuação