Sentidos de inclusão e exclusão na voz de sujeitos escolares: o deslocamento do déficit pela via da falta

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Giorgenon, Daniela
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-21102013-164115/
Resumo: A escuta empreendida nesta pesquisa ancora-se na Análise de Discurso (AD) de matriz francesa, inaugurada por Michel Pêcheux em sua leitura, atravessada por contribuições psicanalíticas, do materialismo histórico, da linguística e da teoria discursiva. O sujeito, ao avesso do indivíduo empírico, é tomado como uma posição que, diante do real da falta, ou seja, do impossível de tudo dizer, enuncia certos sentidos e não outros em determinado contexto sócio-histórico. Partindo da incompletude, o analista de discurso lança sua escuta à labuta do sujeito na produção de sentidos, os quais estão sujeitos ao equívoco já que a linguagem é opaca. Para compor nosso corpus teórico(analítico), nos debruçamos sobre as condições de produção da AD e especialmente sobre o conceito de sujeito fa(l)tante e sobre a concepção de discurso pedagógico advinda da tipologia discursiva de Orlandi - navegando entre paráfrase e polissemia -, além de apresentarmos nossa noção metodológica que não separa teoria e análise. Também lançamos uma escuta à historicidade dos sentidos sobre o déficit, onde sinalizamos a repetitória caracterização do indivíduo considerado com deficiência mental, pelo positivismo, atrelada à falha, à limitação, bem como o rompimento destes sentidos por meio das contribuições da psicanálise lacaniana. A coleta dos fatos discursivos foi constituída por entrevistas realizadas com sujeitos coordenadores e professores de três escolas, sendo estas da rede regular municipal, estadual e particular de Ribeirão Preto, os quais enunciaram sobre o processo de inclusão escolar de crianças e adolescentes, caracterizados com a partícula \"com deficiência mental\", no Ensino Fundamental. O nosso corpus de análise é constituído por recortes dessas entrevistas transcritas, agrupados em quatro entradas discursivas que abordam a formação discursiva da \"falta\" tomada na vertente da \"falha\", ora como provocadora de estagnação ora como provocadora de movimentos para seu tamponamento. Assim, escutamos como se dá o embate com o (im)possível de dizer e de fazer sobre/com a inclusão escolar e sobre/com a criança e o adolescente categorizados pelo discurso científico positivista sob o traço da \"deficiência mental\". Apontamos que tal processo tem operado um furo no discurso pedagógico de tipo autoritário e provocado remelexos no que havia se estabilizado com o (impossível) tamponamento da falta: os dentro da norma e as salas homogêneas. Marcamos que a instalação de um discurso mais polissêmico possa propiciar uma posição mais desejante para se lidar com o saber/não saber de qualquer sujeito.