Papel do receptor NOD2 no controle da infecção por Paracoccidioides brasiliensis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Camargo, Ricardo Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17147/tde-21022020-141145/
Resumo: O receptor NOD2 (nucleotide-binding oligomerization domain-containing protein 2), pertencente à família dos receptores tipo NOD (NLRs), atua na detecção intracelular de peptídeoglicano conservado em bactérias. Utilizando a molécula adaptadora RIP2 para desencadear vias de sinalização pró-inflamatórias, o receptor NOD2 é caracterizado por sua ação na proteção contra infecções bacterianas. No entanto, trabalhos recentes veem demonstrando seu papel no controle da disseminação de patógenos não-bacterianos, assim como, sua influência na modulação da resposta imune adaptativa Th17. Levando em consideração que a resposta Th17 é importante para imunidade antifúngica e que não há relatos na literatura que correlacionem o envolvimento do receptor NOD2 com infecções fúngicas sistêmicas, nós decidimos investigar a sua ação durante a paracoccidioidomicose (PCM), micose granulomatosa sistêmica causada pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis. Portanto, no presente estudo foram utilizados animais WT (C57Bl/6), Nod2-/- e Rip2-/- para avaliar a participação do receptor NOD2 e sua molécula adaptadora RIP2 na paracoccidioidomicose experimental. Os resultados obtidos, demonstraram que na ausência das moléculas NOD2 e RIP2 os animais se tornaram mais resistentes durante a PCM, apresentando menor carga fúngica nos dias 7, 15 e 30 após infecção. Durante análise histológica do pulmão, foi constatado que os animais Nod2-/- apresentavam granulomas mais organizados e presença maciça de leucócitos na porção interna do granuloma quando comparado aos animais controles. Para investigar a razão pela qual a ausência desta molécula proporciona a formação de granulomas mais compactos, foi dosado TNF-? de macrófagos derivados da medula óssea (BMDM) estimulado por P. brasiliensis e do homogenato pulmonar de camundongos infectados com P. brasiliensis no 15° dpi. Não foi encontrada diferença significativa na produção de TNF-? em ambos os grupos nas diferentes situações. No entanto, procurando explicação para tal fenômeno, as expressões dos genes IL-6 e IL-23p19 foram avaliadas por qPCR no 7° e 15° dpi a partir do tecido pulmonar dos camundongos infectados. Comparado aos camundongos WT e Rip2-/-, os animais Nod2-/- exibiram um aumento significativo da expressão de IL-6 e IL-23p19 durante o período de infecção estabelecido. Além disso, os animais Nod2-/- também apresentaram aumento da produção das citocinas IL-6 (7°, 15°dpi) e IL-23 (7°, 30°dpi) em relação aos camundongos WT e Rip2-/-. Este resultado sugere que o receptor NOD2 reprime a produção de IL-6 e IL-23 durante a PCM. Sabendo que essas citocinas induzem a síntese de IL-17, decidimos investigar sua produção durante a PCM. Como resultado, observamos que na ausência de NOD2 a produção de IL-17 estava potencializada nos dias 7 e 15 pi. Adicionalmente, identificamos por citometria de fluxo que os linfócitos CD3+ produtores de IL-17 presentes nos pulmões dos camundongos Nod2-/-, estavam em maior quantidade que nos animais controles (WT, Rip2-/-) no terceiro e sétimo dpi. Dentre as células CD3+ totais, identificamos que os linfócitos CD4+ dos camundongos Nod2-/- também produziam mais IL- 17. No entanto, descobrimos que os animais ausentes do receptor NOD2, a maior produção de IL-17 é proveniente dos linfócitos T??, fenômeno que não ocorre entre os camundongos WT e Rip2-/-. Com o intuito de investigar o papel do receptor NOD2 nos linfócitos CD4+, a partir dos linfócitos CD3+ naives isolados dos linfonodos e baço, fomos avaliar o seu efeito na polarização para Th17. Detectamos que os linfócitos Nod2-/- demonstrou uma maior polarização para o perfil Th17 quando comparados as células WT e Rip2-/-. Por fim, comparado aos grupos controles, os animais Nod2-/- apresentaram maior migração de neutrófilos na fase aguda da PCM. Em conclusão, estes dados mostram que o receptor NOD2 tem papel importante na suscetibilidade do hospedeiro durante a infecção por P. brasiliensis.