Veiculação do princípio tóxico da Crotolaria spectalibilis (Roth) em leite de cabra e rata: uma avaliação toxicológica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1994
Autor(a) principal: Medeiros, Rosane Maria Trindade de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10133/tde-03012012-150830/
Resumo: A Crotalaria spectabilis é uma leguminosa populannente conhecida coma \"guizo de cascavel\", \"xique-xique\" ou \"cascaveleira\", estando amplamente distribuída em áreas tropicais e subtropicais do planeta. As plantas desse gênero vêm sendo largamente utilizadas como adubação verde. Na flora brasileira, já foram registradas 32 espécies de Crotalaria, as quais são encontradas em várias regiões do país coma planta nativa, sendo muitas vezes utilizada como forrageira para o gado. A toxicidade dessa leguminosa deve-se à presença do alcalóide pirrolizidínico (AP), denominado monocrotalina (MCT), que, uma vez no fígado, é ativado a um metabólito tóxico, altamente reativo, denominado pirrol, o qual liga-se ao DNA ou enzimas hepáticas, resultando em lesões hepáticas; além disso, causa também danos no parênquima pulmonar e renal. Princípios tóxicos de várias plantas, ou seus metabólitos, podem ser eliminados no leite de animais que as ingeriram, representando risco potencial de intoxicação aos indivíduos consumidores desse alimento. Assim, o objetivo desse trabalho foi verificar se a administração de MCT a animais lactantes poderia causar toxicidade nas proles, caracterizando dessa maneira a passagem do AP através do leite. Com este intuito, ratas em lactação foram expostas nesse período à ração contendo diferentes concentrações de sementes de C. spectabilis (0,7%; 0,4%; 0,2% e 0,1 %) ou MCT (0,012% e 0,006%). Os resultados mostraram que as concentrações de 0,7%, 0,4% e 0,2%, bem como ambas as doses de MCT, causaram efeitos tóxicos nas mães e proles. Os principais sinais e sintomas de intoxicação por AP foram debilidade, ascite ou anasarca. Além disso, em alguns grupos foram observadas alterações bioquímicas. o estudo histopatológico revelou lesões como degeneração e necrose hepatocitária, pneumonia intersticial e nefrose tubular. Por outro lado, a administração de 0,1% de sementes na ração de mães lactantes não promoveu efeitos tóxicos nesses animais, entretanto suas proles apresentaram os mesmos efeitos tóxicos descritos para as proles dos grupos anteriores. Em um outro experimento, procurou-se verificar as possíveis diferenças dos efeitos tóxicos entre machos e fêmeas de proles de mães tratadas com sementes de C. spectabilis. Os resultados mostraram não haver diferenças sexuais, quanto a intensidade de efeitos tóxicos, durante a fase de aleitamento. Com o objetivo de se verificar os efeitos da administração a ratos em crescimento, de leite de cabra alimentados com C. spectabilis, realizou-se o próximo experimento. Os resultados mostraram profundas alterações nesses animais, verificando-se diminuição no ganho de peso, alterações bioquímicas e além disso, o estudo histopatológico revelou danos hepáticos, pulmonares e renais. Esses resultados mostram claramente que o MCT e/ou seu metabólito (MCTP) é eliminado no leite de animais lactantes, representando assim, um risco potencial para a saúde dos indivíduos consumidores desse alimento. Portanto, os resultados verificados no presente estudo, mostram a grande relevância também no que diz respeito à saúde pública, uma vez que o leite é o principal alimento na infância.