Narrativas audiovisuais de cientistas youtubers: intertextualidades entre arte e ciência na divulgação científica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Tuma, Ana Beatriz Camargo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27164/tde-08072022-101527/
Resumo: Em meados do século XX, o literato e cientista C. P. Snow (2015) reacendeu o problema histórico da falta de comunicação entre a cultura científica, voltada para a ciência, e a cultura humanista, para a arte. A discussão sobre as chamadas duas culturas prossegue até os dias atuais, em nível global, e é por isso que temos como fio condutor desta tese investigar como os cientistas youtubers produzem cruzamentos intertextuais entre ciência e arte em suas narrativas audiovisuais de divulgação científica (DC) e quais são as percepções dos internautas sobre isso. Para tanto, selecionamos como nossos objetos de estudo cinco canais do Science Vlogs Brasil (SVBR) que abordam distintas áreas do conhecimento: 1) Universo Narrado; 2) Arqueologia pelo Mundo; 3) Canal do Pirulla; 4) Dragões de Garagem; e 5) Colecionadores de Ossos. Nosso percurso teórico-metodológico é calcado, especialmente, na tríplice mimese (RICOEUR, 1994) e na noção de intertextualidade (KOCH; BENTES; CAVALCANTE, 2012; KOCH, 2018a; KOCH, 2018b) entre arte e ciência, a qual perpassa a análise dos três momentos, mais precisamente, tempos da atividade mimética (prefiguração, configuração e refiguração). Mimese I, assim, possibilitou que compreendêssemos o contexto em que surgem as narrativas audiovisuais de DC por meio de entrevistas em profundidade semiabertas realizadas com os cientistas youtubers dos cinco vlogs. Já em mimese II, detemo-nos na análise imagética e verbal de um vídeo veiculado em 2020 em cada canal. Por fim, em mimese III, investigamos os comentários dos internautas sobre as referidas narrativas, buscando compreender suas percepções sobre elas. Por meio deste percurso, desenvolvemos uma metodologia própria para a análise de produtos audiovisuais, principalmente as narrativas publicadas no YouTube, e que poderá ser replicada por mais pesquisadores. Além disso, identificamos que os principais cruzamentos intertextuais entre arte e ciência, promovidos pelos cientistas youtubers em seus vídeos de divulgação científica, podem ser colocados em duas categorias, que demonstram haver uma aproximação entre a cultura científica e a cultura humanista por meio da cultura audiovisual. Na primeira, este uso é mais voltado para a forma com que o vídeo é apresentado, com a inserção de elementos visuais e sonoros, como fotografias e trilhas sonoras, que, principalmente, indicam aos espectadores o que está sendo dito pelos cientistas youtubers ou evidenciam algum aspecto da mensagem transmitida (exemplo, sua seriedade ou antiguidade). A segunda categoria, por seu turno, é mais voltada para o conteúdo da narrativa audiovisual em que o desenvolvimento dela conta, em parte ou no todo, com a utilização de pelo menos uma manifestação artística, como um filme, para elucidar ou exemplificar o tema abordado ou determinado aspecto dele. No que tange às percepções dos internautas sobre os vídeos, verificamos, entre outros, um expressivo número de elogios, denotando que a ciência se torna mais palatável e atrativa quando em diálogo com a arte. Dessa maneira, esta pesquisa aponta caminhos que podem ser seguidos por divulgadores científicos que produzem conteúdo para plataformas como o YouTube.