O que quer uma mulher segundo o discurso da revista feminina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Chiaretti, Paula
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-20072016-170040/
Resumo: As revistas femininas surgem como um saber oficial que, de forma objetiva e imparcial, produz um efeito de transparência de sentido e de verdade sobre a mulher. Segundo a Análise do Discurso Pêcheutiana - AD (referencial teórico-metodológico adotado nesta pesquisa), este apagamento do processo de constituição do sentido faz com que o sujeito se reconheça e venha a ocupar o lugar ao qual é chamado no discurso. O sujeito é, nessa perspectiva, uma posição discursiva. Interpelado pela ideologia, o sujeito cria sentidos. Isto porque há uma necessidade de que os sentidos se sedimentem de modo a formar um universo logicamente estabilizado. Entretanto, Freud ao final da sua obra se pergunta o que quer a mulher?, enquanto que Lacan, no retorno à obra freudiana, propõe sua provocante fórmula A mulher não existe. Esta dissertação tem como objetivo analisar recortes de revistas femininas de diversas épocas (de 1917 a 2007) a fim de propor como estas revistas constroem sentidos sobre o que é e o que quer a mulher a partir das condições de produção do discurso. Como a AD se interessa pela determinação histórica dos processos de significação, torna-se importante retomar a história do feminismo e textos acadêmicos de feministas, ambos tomados aqui como um interdiscurso presente no discurso das revistas femininas. Enquanto a Psicanálise tenta investigar como A mulher se constitui, a preocupação das revistas femininas é descrever a mulher e suas condutas, sedimentando e naturalizando sentidos e dando origem a uma norma de identificação. A Psicanálise trata de A mulher como uma posição do sujeito diante do gozo e da submissão à norma fálica (não-toda), de forma que A mulher não formaria uma regra como o homem, elas somente poderiam ser contadas uma a uma. Na via contrária, as revistas femininas constroem sentidos por meio de genéricos discursivos (fórmulas encapsuladas que codificam valores e crenças), naturalizando os sentidos atribuídos à mulher e suas atividades. Concluímos que tanto o movimento feminista, a fim de que funcione promovendo mudanças e rupturas de toda ordem (moral, religiosa, jurídica), quanto as revistas femininas, ao contrário da Psicanálise, propõem uma positividade de um sujeito universal mulher