O papel das vias de circulação na coesão territorial do Estado Boliviano: da Audiência de Charcas à Bolívia de 1971.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Reyes, Fernando Siliano
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-01102010-141912/
Resumo: Para entendermos o papel que as vias de circulação desempenharam na tentativa de dar coesão ao território boliviano, buscamos entender a ocupação do espaço andino desde a chegada dos espanhóis no território pré-boliviano, nas terras altas de Potosi. Também tentamos analisar os caminhos construídos a partir dessa ocupação, seja para o escoamento da prata, seja para o abastecimento da população que orbitava ao redor do complexo mineiro. No decorrer da história da Bolívia independente, a circulação foi um dos motes da tentativa de unificação espacial com o Peru, comandada pelo general Andrés de Santa Cruz, uma vez que, na primeira metade do século XIX, alcançar o litoral boliviano era uma tarefa extremamente difícil, em face da inexistência de técnicas que tornassem menos dispendiosa a transposição da escarpa andina. A guerra com o Chile, no final do século XIX, ainda hoje desperta sentimentos nacionalistas na população boliviana em função da perda de todo o seu território voltado para o Pacífico. A amputação de sua saída para o mar fez com que o governo boliviano exigisse do vencedor Chile a construção de uma estrada de ferro. Esta ligaria o país a um porto no Pacífico, a fim de seu comércio internacional não fosse sufocado e sua economia arruinada, devido a sua condição mediterrânea. A disputa com o Brasil pelo território do Acre levou a Bolívia, mais uma vez, a pensar em uma solução circulatória que permitisse o escoamento da borracha, uma mercadoria então cobiçada no mercado internacional. No acordo entre os dois países, o Brasil se comprometeu a construir uma estrada de ferro para escoar a mercadoria boliviana pelos rios da bacia amazônica. A guerra do Chaco, disputada com o Paraguai, cujo motivo teria sido uma disputa por petróleo, na realidade, foi uma tentativa de o governo boliviano alcançar o Atlântico utilizando o rio Paraguai. A derrota fez com que a Bolívia conseguisse acessar o Oceano Atlântico por intermédio da construção de uma ferrovia entre Santa Cruz de la Sierra e Corumbá, na fronteira com o Brasil, e de lá até o porto de Santos. Além dessa alternativa, a Bolívia também se utilizou do transporte ferroviário para alcançar o Atlântico, via Argentina, chegando até o porto de Buenos Aires. A violenta derrota boliviana na guerra do Chaco abriu cicatrizes que culminaram na Revolução Nacionalista de 1952. O governo nacionalista estatizou as ferrovias e criou uma empresa estatal para cuidar das rodovias da Bolívia, porém, ao incentivar a construção de estradas de rodagem, a ingerência estadunidense inviabilizou a efetiva integração territorial boliviana por vias férreas e, por extensão, a ligação ferroviária entre os oceanos Atlântico e Pacífico, pela união dos portos de Arica no Chile e de Santos no estado de São Paulo.