O mercado de trigo em Florença (1284-1340)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Erra, Felipe Mendes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8137/tde-16092020-204153/
Resumo: Entre 1284 e 1340, a cidade de Florença alcançou seu apogeu demográfico durante o período medieval, com uma população que chegou a cerca de 125 mil habitantes, se tornando, portanto, uma metrópole do Mediterrâneo. A economia urbana experimentou um período de efervescência nos ramos da manufatura têxtil, da construção e do comércio, sediando bairros destinados às pequenas habitações das categorias trabalhadoras e aos palácios em que residiam os protagonistas de companhias mercantis que atuavam no comércio de longa distância. A população passou a depender de um complexo sistema de abastecimento, que ultrapassava os limites da vizinhança rural da cidade, e que se tornou uma questão central para a política da República. O mercado de cereais, alimentação base dos florentinos ricos ou pobres, adquiriu grandes proporções e, ao mesmo tempo, uma dinâmica de funcionamento singular. Partindo da análise da documentação referente à produção, à circulação, ao comércio, e à regulamentação do mercado urbano, esse trabalho defende a tese de que a dinâmica do mercado de trigo, no período em tela, decorria de quatro fundamentos. Primeiro, a composição de uma demanda urbana regular, baseada na existência de categorias destituídas de propriedade e com poder de compra para frequentar constantemente o comércio. Em segundo, a consolidação de uma estrutura de oferta que incentivava a produção agrícola e permitia o trânsito regular em direção à cidade. Em terceiro, a formação de uma arquitetura institucional estabelecida pelo jogo constante entre decisões da elite política, das atividades de magistrados encarregados da vigilância do mercado, e das exigências de uma população que não hesitava em se manifestar. Finalmente, a atuação coletiva dos mercadores de cereais, protagonistas do mercado de trigo, ocupava papel central na lógica de formação dos preços. No decorrer do trabalho, aproveitaremos para refletir como a comercialização da sociedade, processo ocorrido entre os séculos XIII e XIV, foi um processo contraditório, de ampliação das trocas mercantis e, ao mesmo tempo, fortalecimento de mecanismos não comerciais de circulação.