Resumo: |
Nos anos 1950, 60 e 70, houve um intenso deslocamento de compositores das escolas de samba para outros espaços. A migração esteve associada a processos de transformação dentro das agremiações, levando nomes como Cartola, Carlos Cachaça, Ismael Silva, Candeia, muitos dos quais fundadores e personagens centrais na história das escolas, a saírem e buscarem outros lugares. Por conseguinte, alguns jovens sambistas como Paulinho da Viola, Martinho da Vila e Elton Medeiros também não encontraram o espaço que procuravam nas escolas, e passaram a defender a bandeira da crítica à realidade comercial do carnaval. Este processo gerou uma transformação na rede de sociabilidade de diversos artistas, que se espalhou por bares, festas alternativas, encontros em casas e “fundos de quintais”. Particularmente na pesquisa, elegemos três: o Zicartola, o Grêmio Recreativo Arte Negra e Quilombo (G.R.A.N.E.S) e o Cacique de Ramos. A análise da transformação nas escolas de samba foi pesquisada por alguns estudos, principalmente nas décadas de 1970 e 80, mas geralmente sob o prisma de paradigmas universalistas: a espoliação das classes médias, a autenticidade, a desapropriação; privilegiando uma visão hegemônica da imposição das camadas brancas sobre os sambistas negros, e construindo uma narrativa de mão única. O objetivo é criticar estes paradigmas, procurando considerar o impacto das transformações nas escolas, sem deixar de observar a agência dos personagens envolvidos, inclusive no próprio processo de mudança. Portanto, trata-se de um estudo sobre um fenômeno histórico e ao mesmo tempo da análise feita sobre ele, ou seja, sua historiografia. |
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