A reescrita como correção: sobras, ausências e inadequações na visão de formandos em Letras

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Cális, Orasir Guilherme Teche
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-15092008-145159/
Resumo: Este trabalho tem como preocupação primeira investigar a formação de futuros professores de português no que se refere ao trabalho com a escrita. Seu principal objetivo é analisar, a partir de uma abordagem discursiva ancorada, sobretudo, nos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa (AD), o processo de reescrita textual, particularmente daquela reescrita que se circunscreve a situações tipicamente escolares, ou seja, informada pela intervenção de natureza didática em que o professor - ou alguém que assume tal posição - propõe a atividade de reelaboração textual. O corpus é formado por textos que correspondem às respostas fornecidas por formandos em Letras a uma das questões discursivas de Lingüística e Língua Portuguesa solicitada, no ano de 2001, pelo Exame Nacional de Cursos (ENC) - o Provão, atual ENADE. Nessa questão, solicitou-se aos formandos que, com o apoio de noções lingüísticas, apresentassem três soluções para o problema dos elos coesivos presente em um texto originalmente produzido por uma menina de 10 anos. Desse contexto é que surgiu uma das formas de resposta dos formandos à solicitação do Exame: a reescrita como forma de correção daquilo que foi identificado pelos escreventes como \'erro\'. Foram utilizados dois procedimentos de análise: a) a consideração das relações dialógicas estabelecidas entre os formandos e o textobase, a qual resultou em um tipo de intervenção eminentemente resolutiva dos supostos \'problemas\' apresentados pela produção da menina; e b) a busca das operações lingüísticas presentes nos processos de reescrita textual. Em razão das condições em que se produziram, mas também em função do apagamento de aspectos discursivos apreensíveis nos efeitos de sentido existentes no texto reescrito pelos formandos (para além, portanto, dos objetivos inicialmente colocados pelo Provão), as reescritas analisadas resultaram em textos menos expressivos se comparados com aquele que lhes serviu como pontos de partida. Tal constatação, evidenciada nas análises, aponta para o fato de que todo processo de reescrita tenderá ao fracasso, se tão-somente vinculado a questões de ordem lingüística, uma vez que, determinantes da expressividade de todo e qualquer texto, são também os aspectos relativos aos efeitos de sentido e às condições em que um dado discurso se produz.