Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Souza, Diego Fróes e |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44141/tde-04052016-095607/
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Resumo: |
Este trabalho estabelece a cronologia da evolução do Tabuleiro do Embaubal (TE), situado no baixo rio Xingu (Pará). O TE corresponde ao arquipélago fluvial formado por complexo de barras arenosas estabilizadas por vegetação ripariana. O TE ocorre no trecho em que o rio Xingu adquire morfologia de ria, com ampliação do canal e redução da velocidade do fluxo d\'água. Durante o período de setembro a novembro, ocorre redução do nível do rio e formam-se uma série de praias nas margens das ilhas do TE. Estas praias destacam-se por serem um dos principais locais de nidificação da tartaruga-daamazônia (Podocnemis-expansa) em desova gregária. O TE também destacase pela localização, pois está situado a 32 km a jusante de onde está localizada a barragem hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu. O modelo de evolução sedimentar para a gênese do complexo de barras do TE foi estabelecido utilizando-se as metodologias de datação por OSL (Optically Stimulated Luminescence) e \'ANTPOT.14C\'. O substrato sedimentar do TE apresenta uma organização estratigráfica regular: camadas de areia fina a média silto-argilosa (A1) ou areia muito fina siltosa na base (A2), e silte grosso arenoso cinza-claro no topo (S2). De forma que os depósitos A1 e A2, de alta variabilidade granulométrica, estão associados à deposição de barras ativas, enquanto que os depósitos S2 à planície de inundação, fixados pela vegetação. Na interface entre as fácies A1/A2 e S2 ocasionalmente ocorrem camadas de silte médio argiloso cinzaescuro (S1), sendo este associado aos lagos internos das ilhas. O modelo proposto demonstra que a evolução das ilhas é resultado da emersão de barras em episódios de baixa vazão, seguidos pela ocupação dessas ilhas pela vegetação. A presença da vegetação adaptada aos episódios de inundação estimula deposição de silte e argila sobre a fácies de areia, prolongando o crescimento das barras para setores de jusante e amalgamando as ilhas. Segundo os resultados cronológicos, processos de fixação das barras pela vegetação ocorrem em escala secular. A ilhas do TE teriam se formado a partir do Holoceno médio, durante os últimos 5000 anos. A deposição de quase a totalidade das barras ocorreu nos últimos 1100 anos, sendo que ainda está ativa, especialmente no norte do TE. Foi observada forte correlação entre as idades de deposição das barras e variações pluviométricas do Holoceno na região da cabeceira da bacia do Xingu, no centro-oeste do Brasil. Durante a MCA (Medieval Climate Anomaly) e LIA (Little Ice Age) houve intensificação das monções na América do Sul, mesmo período da deposição de grande parte (setor noroeste) das barras do TE. As alterações da dinâmica sedimentar decorrentes das barragens da hidrelétrica de Belo Monte poderão causar interrupção do ciclo secular a milenar de formação de praias e crescimento de ilhas. Este impacto terá reflexo direto no ambiente de nidificação das tartarugas, pois as areias são provenientes de regiões de montante da barragem principal na calha do rio Xingu. A redução do aporte de areia e da variação sazonal do nível d\'água na região do TE poderão gerar cenário onde novas barras serão menos frequentes e menores, com altura de topo inferior e com variabilidade granulométrica inferior a usual e maior proporção de areia fina a muito fina. Isto pode provocar impactos na sexagem das tartarugas (praias de granulação mais fina tendem a estimular nascimento de fêmeas) e no espaço de acomodação das tartarugas. |