Bancos brasileiros: influência dos depósitos compulsórios, taxa selic e risco-país na concessão de crédito

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Marcondes, Darcio Alves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-22062023-142655/
Resumo: As empresas, usualmente, operam com uma estrutura de capital que contempla a utilização de recursos de terceiros. A existência e disponibilidade de crédito para financiamento da atividade econômica é um dos fatores relevantes para o desenvolvimento de um país. Os depósitos compulsórios, a taxa de juros básica da economia e a taxa de redesconto são os instrumentos da política monetária em uso pela autoridade monetária no Brasil. Os bancos comerciais são obrigados a recolher parte de seus depósitos junto ao Banco Central do Brasil a título de depósitos compulsórios. Esses recolhimentos reduzem a capacidade de concessão de empréstimos desses bancos, dificultando o financiamento das atividades econômicas. O presente estudo tem como objetivo investigar os efeitos, na concessão de créditos livres por parte dos bancos brasileiros, das seguintes variáveis independentes: taxa de juros básica da economia, inflação, Produto Interno Bruto, depósitos (à vista, a prazo e em poupança), depósitos compulsórios sobre os depósitos, o próprio crédito e o risco-país. Para isso, analisaram-se dados dos demonstrativos contábeis de um conjunto de 34 bancos comerciais selecionados, responsáveis por cerca de 81% do volume de crédito concedido no período estudado. O estudo descreve tanto o tratamento a que foram submetidos os dados para sua utilização nos modelos econométricos, como os testes de validação da técnica estatística adotada. Obtidos de forma desagregada, banco a banco, os coeficientes foram combinados de modo a serem analisados em conjunto. Consideraram-se as diferenças de reação, entre os bancos, com a utilização de critérios classificadores capazes de refletir variáveis como porte, liquidez, exigibilidades, depósitos, funding e suas variabilidades. O tratamento econométrico inicia com testes de raiz unitária das séries temporais utilizadas e, em função dos resultados obtidos, optou-se em seguida por trabalhar em primeiras diferenças para atingir a estacionariedade dessas séries. Quanto à formulação teórica, utilizou-se, sob o aspecto econômico, a teoria do canal de crédito da política monetária e, sob o aspecto econométrico, o método dos mínimos quadrados ordinários (OLS), com erros-padrão robustos a heterocedasticidade e autocorrelações de qualquer forma e ordem. Nos ajustes das equações econométricas, eliminaram-se os coeficientes conjuntamente não significativos, a fim de se obter um modelo parcimonioso. Após a obtenção dos coeficientes, classificaram-se os bancos segundo os critérios indicadores citados. Os dados utilizados cobrem o intervalo de janeiro de 1998 até o início de 2003, período em que a economia brasileira passou por turbulências e mudança de regime cambial. Nos resultados obtidos, foram encontradas evidências dos efeitos das variáveis independentes sobre os fluxos de créditos livres concedidos e, também, efeitos diferenciados entre os bancos. Conclui-se, portanto, que há evidências de que os depósitos compulsórios e a taxa selic afetam positivamente a concessão de créditos, ao contrário do que prevê a teoria. Há também evidências que o risco-país afeta, negativamente, a concessão de créditos, evidenciando a exposição da economia brasileira aos capitais voláteis internacionais. Além disso, conclui-se que há evidências que os bancos, na média, reagem de forma diferenciada às variações das variáveis independentes estudadas [taxa de juros básica da economia, inflação, Produto Interno Bruto, depósitos (à vista, a prazo e em poupança), depósitos compulsórios sobre os depósitos, o próprio crédito e o risco-país], conforme se analisam diferentes classificações como porte, liquidez, exigibilidades, depósitos, funding e suas variabilidades.