Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2012 |
Autor(a) principal: |
Costa, Georgia Carolina Capistrano da |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/102/102132/tde-24012013-154637/
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Resumo: |
Idealizado como uma \"cidade industrial ideal\", o antigo núcleo industrial de Batatuba, situado no município de Piracaia (SP, Brasil), é praticamente invisível na historiografia das realizações urbanísticas no Brasil, embora em seu projeto sobressaiam seu caráter social e sua filiação ao pensamento moderno. Batatuba integrara um programa internacional de cidades destinado a concretizar, arquitetônica e urbanisticamente, a expansão mundial da Companhia calçadista Bata, que se iniciara e florescera no entreguerras. Ainda que emissárias dos princípios da racionalidade e eficiência de Taylor e Ford, as ações dos dirigentes da Companhia - inicialmente as de seu fundador, Tomas Bata (1876-1932, chamado de Henry Ford da Europa Central) e depois as de Jan Antonin Bata (1898-1965) - contribuíram para inaugurar novas referências nos campos do planejamento urbano e territorial, da organização industrial e das relações de trabalho naquelas décadas. O núcleo industrial de Batatuba fora iniciado por Jan Antonin Bata por volta de 1940, sendo possível notar a permanência, tanto no desenho de sua planta urbana, quanto nos remanescentes atuais, do \"vocabulário\" urbanístico replicado nas \"cidades-em-série\" da Companhia. Assim, não seria gratuita a flagrante semelhança do plano de Batatuba com outros planos para uma cidade industrial ideal, como Batovany-Partizanske (atual Eslováquia). Durante a expansão internacional da empresa nos anos 1930 este vocabulário desenvolvera-se gradualmente em Zlín (atual República Tcheca), então a cidade-sede da Companhia Bata, e por meio de seu escritório de arquitetos, sendo a base desta linguagem a racionalidade no uso de materiais e técnicas construtivos e a padronização e reprodutibilidade. Esta orientação se expressou nos planos urbanos, onde os bairros residenciais revelavam a preferência pelo modelo da cidade-jardim e o lema de Tomas Bata \"Trabalhar coletivamente e viver individualmente\". Aspecto fundamental desta evolução foi a aproximação da empresa com os arquitetos dos CIAM (Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna) e alguns de seus expoentes, como Le Corbusier, atraídos pelo ideário social, arquitetônico e urbanístico da Companhia e pelas possibilidades projetuais proporcionadas pelo porte global desta. Elemento de ruptura desta evolução, a Segunda Guerra Mundial representou uma inflexão no modus operandi da Companhia. Por volta de 1940, Jan Antonin Bata iniciou nova etapa nos negócios, adquirindo no Brasil, onde passou a residir definitivamente, as empresas Companhia de Viação São Paulo - Mato Grosso e Companhia Comercial Alto-Paraná. Nesta fase as ações de Jan Bata adquiriram nova tonalidade. Com suas empresas, participa do desbravamento do oeste paulista e do sul do então Mato Grosso, planejando e fundando cidades e núcleos de caráter agroindustrial: Vila CIMA (Companhia Industrial, Mercantil e Agrícola), Mariápolis, Bataguassu, Batayporã, Kennedyba - intentando, afinal, contribuir para incorporar os \"espaços vazios\" de Vargas à economia brasileira. No que se refere às realizações arquitetônicas e urbanísticas, a fase brasileira de Jan Bata, por sua quase total ausência na historiografia, ainda carece de melhor conhecimento e análise. Este trabalho pretende distinguir esta fase - situada entre os anos de 1940 e 1965 - e relacioná-la com as cidades da Companhia Bata criadas durante os anos do entreguerras (1918-1940). Busca analisar, preliminarmente e à luz do Movimento Moderno e das questões locais, em que medida aquela constância programática exercida pela Companhia, no planejamento da vida coletiva, do trabalho e da produção industrial, de expressão urbanística e de cunho econômico, foi seguida no ambiente brasileiro sendo preservada ou reinventada. |