Trabalho e migração: estudo com jovens trabalhadores no corte da cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto - SP

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Galiano, André de Mello
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-08112013-143908/
Resumo: O desemprego de jovens com idade entre 16 e 24 anos no Brasil é preocupante já que os jovens desempregados nesta faixa etária no país chegam a 3,5 milhões, o que representa cerca de 45% da força de trabalho nacional. Além da preocupação com o fato de haver, ou não, oportunidades de emprego para este contingente de jovens, é necessário saber que tipo de trabalho será destinado a este grupo da população. A migração de jovens de regiões pobres do país, em especial de alguns Estados da região Nordeste, em busca de emprego na região Sudeste, tem sido uma constante na história do Brasil. Mas nas últimas décadas tem crescido a migração de jovens do Estado do Maranhão e Piauí em busca de emprego na colheita de canade- açúcar na região de Ribeirão Preto (SP). É desta realidade que trata esta pesquisa, que objetivou compreender como os jovens migrantes foram atraídos para o corte da cana-deaçúcar, se este foi seu primeiro emprego e o que significou para eles deixar família, amigos, escola, sua terra natal e seus projetos de vida para trabalhar em um local distante e desconhecido. O estudo buscou também conhecer como este trabalho repercute na saúde física e psíquica destes jovens. A pesquisa, de abordagem qualitativa, foi realizada com trabalhadores rurais empregados no corte da cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto (SP). Foram entrevistados 14 trabalhadores de ambos os sexos, com idades entre 18 e 24 anos, migrantes do Estado do Maranhão. As entrevistas foram feitas a partir de um roteiro préestabelecido, com questões semi-estruturadas, visando colher idéias e informações a respeito da subjetividade desses trabalhadores. Os depoimentos relataram como ocorreu o processo de contratação, viagem e execução do trabalho nos canaviais paulistas. Os resultados obtidos revelaram a árdua rotina na colheita da cana, que se estende de segunda a sábado. Mostraram também que o grande esforço físico despendido neste tipo de atividade, aliado ao ritmo de trabalho, às condições insalubres e à extensão da jornada, trazem sérias implicações para saúde destes trabalhadores. As queixas mais frequentemente relatadas foram: dores musculares, dores na coluna vertebral, insolação, desidratação, dores de cabeça, inchaços nos braços, câimbras e tremores, além do sentimento de desapontamento com esta realidade de trabalho. Realidade contextualizada dentro da forma de pagamento por produção, que se revelou como um dos mais perversos mecanismos de exploração daqueles trabalhadores.