O Adão Prometeico: mundo do trabalho nos Estados Unidos em fins do século XIX e início do XX a partir da literatura de Sherwood Anderson e Jack London

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Kölln, Lucas André Berno
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8137/tde-24052019-115303/
Resumo: Essa tese analisa a obra literária dos escritores Sherwood Anderson (1876-1941) e Jack London (1876-1916) produzida nos anos 1900-1910, procurando compreender a maneira como se deu o diálogo entre a ficção e a realidade histórica, como aquela produziu uma leitura e uma interpretação desta, sobretudo no que tange às mudanças no sentido histórico do trabalho. Dado o fato de que ambos os escritores em questão viveram num momento decisivo de transformação histórica nos Estados Unidos, quando na transição entre o século XIX e XX se estabeleceram novas dinâmicas sociais e econômicas, articuladas estas com a consolidação do capitalismo de regime monopolista, essas literaturas trazem em seu corpo as cicatrizes históricas dos esforços de adaptação e compreensão desse processo. Atrelada a essa momentosa transição em curso, havia o fato de que ambos os escritores eram trabalhadores, e num momento crucial da formação da classe trabalhadora estadunidense, quando as transformações materiais impunham severas readequações na divisão do trabalho, na organização produtiva estrutural, na estratificação social dele oriunda, nas respostas políticas de resistência deles, e também nos sentidos subjetivos que o trabalho e o trabalhar poderiam possuir. Por conta de tudo isto, a literatura de Sherwood Anderson e Jack London produz uma interpretação ficcional dessa experiência histórica, permitindo com que se rastreie e compreenda como as velhas tradições do \"Evangelho do trabalho\" dos Oitocentos foram sendo brutalmente modificadas pela dinâmica produtiva de ordem fabril, pelo controle financeiro, pela concentração econômica e pela acentuação da exploração capitalista pelo regime monopólico. Essa situação, dadas as particularidades biográficas e os históricos de formação das regiões onde viveram os dois escritores (um do Meio-Oeste, outro do Extremo Oeste dos Estados Unidos), foi traduzida ora como crise de consciência íntima, ora como uma grande crise civilizacional que a punha em pé de igualdade com a selvageria da natureza. Ambas, pois, fornecem ao historiador chaves analíticas com as quais pensar a mudança do lugar e do sentido histórico do trabalho naquele processo, e como essa mudança participava da formação da classe trabalhadora, tanto em sentidos estruturais quanto subjetivos, tanto progressistas como conservadores.