Edição e estudo filológico da obra Direitos das mulheres e injustiça dos homens, de Nísia Floresta

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Mesquita, Renata Morais
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-16122024-124428/
Resumo: Durante muito tempo, a obra Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens, publicada por Nísia Floresta Brasileira Augusta pela primeira vez em 1832, na cidade do Recife, foi considerada uma tradução do texto A Vindication of the Rights of Woman (1792), de Mary Wollstonecraft. O próprio livro brasileiro conduz a essa interpretação, visto que, junto ao seu título, consta a informação \"por Mistriss Godwin\" – o sobrenome de casada da feminista inglesa –, além das expressões \"direitos das mulheres\" e \"tradusido livremente do francez para portuguez\". Tal interpretação, no entanto, foi parcialmente modificada quando Constância Lima Duarte publicou uma edição atualizada do texto brasileiro no ano de 1989 e afirmou que o conteúdo da obra seria predominantemente de autoria de Nísia Floresta, após constatar diferenças entre a presumida fonte textual e a tradução. Posteriormente, Pallares-Burke (1995) identificou que o texto nisiano é uma tradução integral de um panfleto originariamente inglês de 1739 intitulado Woman Not Inferior to Man, assinado pelo pseudônimo Sophia - a Person of Quality. Esse panfleto, por sua vez, é constituído de partes significativas da obra de François Poulain de La Barre intitulada De l\'Égalité des Deux Sexes (1673). Alguns anos depois, Botting e Matthews (2004) descobriram que a fonte textual utilizada por Nísia Floresta para compor o seu trabalho seria um livro francês publicado por César Gardeton em 1826, cujo conteúdo apresenta uma tradução francesa do panfleto de Sophia, e cujo título é Les Droits des Femmes et l\'Injustice des Hommes, par mistriss Godwin. Apesar dessas descobertas terem sido divulgadas, as informações sobre o conteúdo da obra brasileira ainda circulam de modo conflitante no espaço público. Surgiu assim a demanda de se comprovar que Nísia Floresta não traduziu Wollstonecraft, tampouco produziu um texto predominantemente autoral. Tornou-se necessário averiguar se o livro de estreia de Nísia Floresta seria uma tradução talvez única em língua portuguesa de um texto inserido na Querelle des Femmes, um longo debate originalmente literário e francês que se expande por outras partes da Europa e ganha contornos filosóficos, iniciado à época do Renascimento. Partindo dessa demanda, esta dissertação tem como objetivo oferecer uma perspectiva filológica ao estudo do livro brasileiro. Como o conceito de filologia é amplo, demarca-se que a perspectiva filológica empregada neste trabalho é a que associa a Filologia à Cultura Material, de acordo com Toledo Neto (2020), delimitando assim, em diálogo com Ferreira (2016), o labor filológico como uma curadoria textual do exemplar da 2ª edição do livro de Nísia Floresta, publicada em Porto Alegre no ano de 1833, que está salvaguardado pela Fundação Biblioteca Nacional (FBN) em seu setor de obras raras. Nesse sentido, o trabalho filológico realizado permitiu a descrição material do exemplar da FBN, por meio de postulados da disciplina filológica denominada como Bibliografia Material formulados por McKerrow (1998) e Gaskell (1999), e da disciplina histórica chamada História do Livro, de acordo com Sordet (2023), além do oferecimento de duas inéditas edições do texto brasileiro: a edição diplomática acompanhada do fac-símile e a edição semidiplomática acompanhada do original francês