Entre o revelar e o ocultar: análise e modernização do discurso das Antunes no \"Livro das Reconciliações e Confissões\" (1591 1592)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Franco, Gabriele
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-05102022-095804/
Resumo: O objetivo deste trabalho é propor uma metodologia de análise para a modernização de documentos, alinhando a Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 2001, 2003) - doravante ACD - e a Teoria da Avaliatividade (MARTIN; WHITE, 2005) à Filologia. O corpus consiste nas confissões de seis mulheres da família Antunes editadas por Mota (2016) e registradas no Primeiro Livro das Reconciliações e Confissões (1591- 1592), doravante LRC. São elas: Ana Rodrigues, Beatriz Antunes, Dona Leonor, Dona Custódia, Isabel Antunes e Ana Alcoforado. Estes documentos foram produzidos em 1591, durante a passagem do Santo Ofício pela Bahia, momento em que mulheres cristãs novas foram perseguidas e acusadas da heresia de praticar o judaísmo. Diante dos procedimentos da Inquisição, a única possibilidade de salvar-se era confessando aquilo que o Santo Ofício desejava ouvir. Em consequência, suas vozes aparentavam ser mecânicas nos documentos, visto que se silenciam em um jogo de ocultar e revelar informações. As confissões foram redigidas em Português Médio e apresentam uma rígida estrutura documental, pois tinham grande valor jurídico para o Tribunal do Santo Ofício. Foram registradas sob o discurso indireto do notário aparentando imparcialidade, mas eram compostas pelo cruzamento de três vozes: notário, visitador e depoentes. O notário por meio do discurso indireto controla o enquadramento da perspectiva entre as vozes. Mesmo considerando estes aspectos, faz-se necessário buscar para além dos silêncios registrados nesses documentos. Desse modo, os desafios deste trabalho consistiram em identificar, dentro da rígida estrutura composicional, as vozes do notário, do visitador e das depoentes, bem como depreender as entrelinhas dos discursos das Antunes e fazê-las transparecer nas modernizações. Para uma melhor interpretação das vozes das Antunes foi utilizada a teoria da Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 2001, 2003), bem como a Teoria da Avaliatividade (MARTIN; WHITE, 2005). Como suporte teórico para orientar os critérios de modernização e uniformização das confissões recorreu-se à Cambraia (2005), Castro e Ramos (1981), bem como à Motta e Monte (2019). A metodologia utilizada consiste na elaboração de mapas composicionais das confissões. Nos mapas composicionais sobrepõe-se o efeito de cruzamento, enquadramento das vozes e a estrutura composicional das confissões analisados sob a perspectiva da ACD (FAIRCLOUGH, 2001, 2003) - às relações entre as vozes, aos tipos e à intensidade dos sentimentos expressos nos pressupostos sistematizados com base na Teoria da Avaliatividade (MARTIN; WHITE, 2005). Os mapas viabilizam uma leitura sistemática e profunda das confissões, revelando detalhes e nuances que, por fim, transparecem nas modernizações por meio das escolhas na grafia, no vocabulário e no gênero discursivo. Assim, a leitura realizada sob a ótica das análises discursivas é aliada às edições diplomáticas realizadas por Mota (2016) e permite uma melhor identificação das nuances das vozes das depoentes que são preservadas e evidenciadas na modernização. Portanto, esta tese contribui com uma metodologia de análise e modernização de documentos, alinhando a Filologia a teorias como a Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 2001, 2003) e a Teoria da Avaliatividade (MARTIN; WHITE, 2005)