Predição de risco para displasia broncopulmonar: elaboração de um instrumento interno de predição de risco para displasia broncopulmonar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Meneghetti, Flávia Maria de Medeiros Cavalcante
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17144/tde-03012023-113132/
Resumo: Displasia broncopulmonar (DBP) é complicação frequente da prematuridade e sua predição é importante para o uso dos corticóides no tratamento. Utilizamos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP) o instrumento de predição do National Institute of Child Health and Human Development (NICHD), entretanto, é importante que cada serviço construa seu instrumento. Uma ferramenta própria pode ser de grande valia na prática clínica do HCFMRP-USP. Objetivo: Identificar os preditores de risco para DBP e elaborar um instrumento para predizer a doença no 14º dia de vida dos recém-nascidos prematuros nas unidades neonatais do HCFMRP-USP, comparando-o com o instrumento do NICHD. Metodologia: Coorte retrospectiva, com pacientes cadastrados no Banco de dados Neonatais do HCFMRP-USP, nascidos entre 2016 a 2020, com idades gestacionais entre 23 e 30 semanas e pesos entre 401 e 1250g. Após a análise descritiva da população, foram estudadas as associações entre os fatores de interesse e DBP e suas classificações, obtendo-se riscos relativos brutos e ajustados. Posteriormente, selecionando aleatoriamente 70% da amostra, construiu-se 4 equações utilizando: todas as variáveis, teste exato de Fisher, método de seleção stepwise e conditional inference tree. Os 30% restantes da amostra foram utilizados para validação das equações construídas e do instrumento do NICHD, calculando-se a probabilidade somada para DBP moderada e grave maior ou igual a 0,60, e então criadas matrizes de confusões, comparando os resultados preditos com o real status da amostra para DBP, calculando-se então sensibilidade, especificidade e valores preditivos. Resultados: 228 recém-nascidos foram incluídos no trabalho, 157 diagnosticados com DBP (68,8%), 61 classificados com DBP leve (26,75%), 43 com DBP moderada (18,85%) e 53 (23,24%) com DBP grave. Os pacientes que evoluíram com DBP tinham uma média de peso de nascimento menor que 1000g e idade gestacional menor que 28 semanas. A análise de risco mostrou os seguintes resultados: DBP moderada foi associada à necessidade de surfactante - RRaj (IC95%)=4,1 (1,59;10,95), persistência do canal arterial - RRaj (IC95%)=2,01(1,01;3,99), ventilação mecânica não invasiva - RRaj - (IC95%)=8,19(1,82;36,81), ventilação mecânica convencional - RRaj - (IC95%)=8,85(1,95;40,16) e ventilação de alta freqüência - RRaj (IC95%)=6,42 (1,17; 35,19); DBP grave foi associada a sepse precoce - RRaj (IC95%)= 2,70(1,31;5,55), FiO2 maior que 30% - RRaj (IC95%)=3,20 (1,63;6,26), ventilação mecânica convencional - RRaj (IC95%)=18,22(2,38;139,32) e ventilação mecânica de alta freqüência - RRaj (IC95%)=24,40 (3,07; 194,14). Entre a equações construídas, apenas a desenvolvida através da conditional inference tree não foi capaz de predizer o risco de DBP, enquanto as outras 3 mostraram especificidade e valor preditivo positivo maiores que o instrumento do NICHD, especialmente a segunda equação, que selecionou as seguintes variáveis cujo p-valor do teste exato de Fisher foi menor que 5%: suspeita de corioamnionite clínica, idade gestacional, peso de nascimento, sexo, necessidade de surfactante, persistência do canal arterial, sepse tardia, fração inspirada de oxigênio e suporte respiratório, com especificidade de 98% e valor preditivo positivo de 93% para predizer risco maior que 60% para DBP moderada/grave, enquanto o instrumento do NICHD apresentou especificidade de 93% e valor preditivo positivo de 75%. Conclusão: A equação elaborada por esse estudo apresenta especificidade e valor preditivo positivo maior que o instrumento atualmente utilizado no serviço, com a vantagem de ser elaborada com a população que será usuária da mesma, predizendo mais adequadamente os pacientes candidatos a corticoterapia para DBP.