Efeitos da melatonina no tratamento supressivo do herpes genital recorrente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Roa, Cristiane Lima
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5139/tde-27082021-133126/
Resumo: Herpes genital é uma infecção comum e crescente mundialmente. Seu agente etiológico é o herpes vírus simples, cepas 1 e 2. O tratamento clássico é feito com aciclovir, que reduz tempo de doença, previne erupções, mas sem efeito curativo. Estudos mostraram resistência ao aciclovir, estimulando pesquisas de novos fármacos, sobretudo para casos recorrentes. Melatonina é uma possibilidade terapêutica em razão de sua ação moduladora de respostas imunológicas e inflamatórias. Objetivo: analisar os efeitos e a eficácia da melatonina em associação com aciclovir ou ambos isoladamente no tratamento supressivo do herpes genital recorrente. Desenho de estudo: ensaio clínico prospectivo, duplocego, randomizado e registrado no ClinicalTrials.gov (12.152.08). Inicialmente, 200 mulheres foram triadas no Setor de Patologia do Trato Genital Inferior da Divisão de Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Após seleção e assinatura do TCLE, 90 mulheres imunocompetentes, entre 15 e 49 anos, com diagnóstico clínico de herpes genital recorrente foram incluídas e alocadas em três subgrupos de 30 integrantes cada: a) grupo ABC (aciclovir) recebeu 360 cápsulas de aciclovir 400mg divididas em dois frascos denominados dia e noite; b) grupo BCA (melatonina) recebeu 180 cápsulas de placebo no frasco dia e 180 cápsulas de melatonina 3mg no frasco noite; c) grupo CAB (aciclovir com melatonina) recebeu 180 cápsulas de aciclovir 400mg no frasco dia e 180 cápsulas de melatonina no frasco noite. As participantes foram orientadas a tomar uma cápsula do frasco dia às 10 horas e uma cápsula do frasco noite às 22 horas, por um período de seis meses. Os instrumentos utilizados para avaliação foram: questionário de qualidade de vida SF-36 (avalia capacidade funcional, aspectos sociais e emocionais e saúde mental); inventário de depressão de Beck (avalia a gravidade de episódios depressivos); escala de sonolência de Epworth (mede níveis de sonolência diurna); escala visual analógica (EVA) de dor e escala de dor de Lanns (evolução da dor). Avaliação clínica para detectar lesões vulvares (placa eritematosa, vesículas e úlceras rasas) e coleta de exames laboratoriais (hemograma, glicemia, sorologia para HIV, VDRL, HSV e imunofenotipagem para linfócitos T) foram realizados. O seguimento foi feito em oito visitas ambulatoriais. Resultados: Foram avaliadas 56 mulheres que concluíram a pesquisa: 19 (33,9%) no grupo melatonina, 15 (26,8%) no grupo aciclovir e 22 (39,3%) no grupo aciclovir com melatonina. A média etária foi homogênea entre os grupos, de 39 ± 11 a 41 ± 9 anos. Não foram observadas diferenças significativas para idade da menarca, idade da primeira relação, número de parceiros sexuais, gestação, paridade, aborto e índice de massa corporal. A relação linfócitos CD4/CD8 não foi diferente entre os momentos pré- e pós-tratamento. No grupo melatonina, esta medida foi de 1,79±0,71 para 1,82±0,73, enquanto no aciclovir foi de 2,10±0,75 para 2,12±0,88 e no grupo aciclovir com melatonina, foi de 1,90±0,72 para 2,02±0,73, sem diferença estatisticamente significante (p=0,451). A recidiva de herpes genital em 30 dias foi verificada em 10,5% das participantes no grupo melatonina, 31,8% no grupo aciclovir com melatonina e 13,3% no grupo aciclovir (p=0,228). Em relação ao período de 60 dias, observou-se recidiva em 15,8% das mulheres do grupo melatonina, 36,4% no grupo aciclovir com melatonina, e 33,3% no grupo aciclovir (p=0,369). A qualidade de vida também foi avaliada antes e depois do tratamento. Com exceção do componente de limitação por aspectos emocionais, nenhum outro apresentou significância estatística. No domínio referido, o grupo melatonina diminuiu o efeito relativo de tratamento (ERT) de 0,604 para 0,394, enquanto no aciclovir observou-se o aumento de 0,520 para 0,565 e, na combinação o ERT se manteve estável. Conclusões: A melatonina mostrou-se um fármaco bem tolerado pelas participantes deste estudo, podendo ser sugerida como uma opção terapêutica no tratamento supressivo do herpes genital recorrente. Porém, sua associação com o aciclovir não tem vantagem em relação ao uso dos medicamentos isoladamente. Novos estudos são necessários para melhor compreensão dos efeitos imunológicos da melatonina, bem como para validar seu uso como uma alternativa no tratamento da infecção herpética genital recorrente